segunda-feira, 6 de outubro de 2008

LIÇÕES DAS ELEIÇÕES

Acompanhar diretamente esse tempo de campanha aqui em Poços de Caldas foi uma experiência sensacional. Algumas lições que aprendi e gostaria de dividir:

-Todo candidato diz que vai fazer uma campanha limpa, só com propostas, sem ataques. Isto alguns minutos antes de esbravejar contra seu adversário: "mentiroso"!

-É difícil acreditar num candidato que promete fazer o melhor pela cidade e no dia da votação "inunda" as ruas da cidade com o resto dos santinhos de sua campanha.

-Como confiar num candidato que usa carros de som o dia todo em volume insuportável, capaz de tirar do sério até mesmo um monge budista surdo? Não cumpre a lei nem respeita o povo.

-Muitas foram as promessas claramente impossíveis de serem cumpridas. Quem prometeu e não se elegeu deixou a frustração em quem nele votou. E o mico para quem se elegeu.

-Há muito “candidato abajur”, aquele que fica num canto durante muito tempo e dá uma "acendidinha' na época da eleição. Depois volta para o canto.

-Votar é o único direito que todo cidadão tem que, se não exercer, paga multa.

-Claramente não há mais oposição, já que não há mais partidos, como deveriam ser. Há os que estão no poder e os que são contra os que estão no poder. Ideologias? Esqueça. Estão todas niveladas. Nem mesmo o velho “mandato violino”, aquele que “pega com a esquerda mas toca com a direita” existe mais. Democracia forte deveria pressupor partidos fortes. O conceito que impera agora é “revogaram a oposição no Brasil”.

-A luta de classes sempre existiu e vai continuar existindo. Pobres serão tratados como pobres, recebendo pouco em saúde, educação etc. E os ricos, estes continuarão tratando os pobres como pobres.

-Lenços são objetos indispensáveis pós-eleição. Uns enxugam as lágrimas da derrota; alguns acenam na despedida de candidatos definitivamente “chutados”; outros secam o suor frio de quem tem muita encrenca pela frente nos próximos quatro anos.

-Não adianta ter o sistema eleitoral mais avançado tecnologicamente sem que exista uma seleção especial de bons candidatos. Ouvi defesa de um voto em determinado candidato na seguinte linha: “vou votar no fulano porque o coitado tem quatro filhos”. Tecnologia e compaixão não combinam com eleição. Rimou...

-Debate com mais de dois candidatos é uma furada. As atenções ficam polarizadas nos que têm chances; os demais usam a mídia para outros fins. E abusam da inteligência dos espectadores.

-Candidatos que trocam ofensas ao longo da campanha sempre dão aquele “abraço democrático” no fim. Em geral o que perdeu toma a iniciativa, tentando dar lição de moral no outro. Aqui ainda não vi. Estou esperando.

-É uma pena ver pessoas ingênuas acreditando que podem ser eleitas para a Câmara e assim "melhorar de vida". Na verdade são usados para trazer votos para o partido: elegem o majoritário e trabalham para eleger colegas dentro do quociente eleitoral.

-As boas cartas sempre devem ser jogadas no fim da campanha. Aí há grande chance de liquidar o adversário. Foi assim com a “lista suja” da AMB. Não que tenha liquidado, mas foi uma pancada e tanto.

-O candidato mais improvável pode surpreender, como foi na votação para prefeito, com Waldir Inácio. Ganhou votos e fama. E deixou o experiente Matavelli na lanterna.

-O melhor do programa eleitoral foram os “bonequinhos” do Matavelli.

-Comícios não servem mais para nada. São caros e sem um bom show junto –o que a lei proibiu- acabam atraindo pouca gente. Fora o risco do candidato levar uma “ovada”. O que elege um candidato é a TV.

-O País vai bem, o Estado vai bem, a Cidade idem. Mas a grande maioria dos candidatos pregou as más condições da saúde, da educação, do trabalho, da segurança e da habitação. Afinal, estamos bem ou não?

-É preciso discutir o sistema de quociente eleitoral. Candidatos bons de voto perdem a eleição para candidatos bons de partido.

-Não só em Poços, mas em outras cidades também, muitos candidatos pegaram carona na figura de Lula. A conversa das “parcerias administrativas”, aquela que vai além da discussão partidária, dominou a campanha mas não colou. Assim, o candidato do PT, que em tese teria apoio irrestrito do presidente, dos ministros, até da Dilma, não foi eleito.
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-Sempre há uma chance de voltar atrás no que um dia um candidato disse ou fez. Por bem ou por mal.

-Por fim, a melhor de todas as lições: acreditar nas pesquisas!

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