Paulo César Silva, o “Paulinho Courominas”, atual vice-prefeito, terá dois motivos importantes para comemorar o próximo 1º. de janeiro: assume a cadeira de prefeito de Poços de Caldas (obteve mais de 59% dos votos válidos) no mesmo dia em que festeja seus 50 anos de idade. O prefeito eleito recebeu Viva Poços! em seu gabinete (ainda de vice-prefeito) no histórico prédio da Prefeitura, onde concedeu a entrevista exclusiva que você acompanha a seguir. Sempre transmitindo segurança na fala, Paulinho “abriu o coração” aos leitores do blog. Confira a entrevista neste 100º. post de Viva Poços!.
Viva Poços! - O que é melhor para a cidade: governar com maioria confortável na Câmara ou contar com uma oposição inteligente e focada?
Paulo César Silva - Claro que a “maioria confortável” é interessante, ela dá condições de negociar, mas é fundamental que se tenha uma “oposição propositiva” que também cobre, fiscalize, de modo que não achemos que está tudo bem. Eu acho interessante ter uma oposição inteligente e, como disse, propositiva.
VP! - Muito mais que “departamentos”, DME e DMAE são reconhecidos como “empresas-referência”, mas o DMAE, por exemplo, cobra uma taxa de R$ 0,45 a título de “aluguel de hidrômetro”. O Sr. acha que é possível fazer os serviços de ambas custarem menos à população, garantindo rentabilidade após os “investimentos sociais”?
PCS - Penso que o poder público deve ter isto como obrigação. As empresas públicas ou autarquias devem procurar excelência nos serviços com o melhor custo possível para o consumidor. Nós temos feito estudos e pretendemos inclusive modificar a questão da taxa de iluminação pública para famílias de baixa renda e de menor consumo. Pensamos também em beneficiar estas famílias nas taxas de água e esgoto.
VP! - De acordo com entrevista publicada em 2007, do diretor de mineração de uma empresa que atua na cidade extraindo bauxita, “Poços de Caldas é uma unidade explorada há cerca de 50 anos e caminha para a fase final. A vida útil de (extração em) Poços de Caldas é de mais 15 anos”. Como a cidade pode e deve se preparar para o fim desta fase, de modo a não correr o risco de haver outra “decadência” como em 1946?
PCS - Há informações de outras mineradoras com prazos maiores, enquanto uma delas continua fazendo investimentos bastante significativos em Poços de Caldas, então acredito numa vida útil maior. Há também projetos para extração de um outro minério bastante nobre -o nióbio (nota: o nióbio tem aplicações desde numa simples lâmina de barbear até em foguetes espaciais –a NASA é uma grande consumidora deste material), que vai continuar proporcionando uma atividade de extração mineral economicamente saudável na cidade.
VP! - Mundo em crise: o Sr. já percebe dificuldades para sua gestão?
PCS - Preocupado com esta questão, ainda que a considere passageira, penso que vamos ter reflexos importantes no próximo ano. Apesar do orçamento 2009 já estar na Câmara, prevendo pequeno aumento da receita em relação a 2008, temos que ter os pés no chão e, por conta disso, já pedi estudos para que possamos fazer uma reforma administrativa inclusive reduzindo cargos de confiança. Entendo que quando há intenção de continuar fazendo investimentos por meio de programas de obras –e este é um compromisso nosso com a população- se houver qualquer queda na receita do município é preciso ter meios de compensar, e a melhor forma é diminuir custos, reduzir despesas.
VP!- A cidade perde investimentos (inclusive alguns já existentes) para locais como Suape, em Pernambuco, por falta de incentivo estadual. Como combater isso, já que há um esforço enorme para viabilizar o distrito industrial e de outro lado são eliminados, por exemplo, 100 postos de trabalho de uma vez?
PCS - Eu tenho boas expectativas em relação à forma como o governo de Minas tem discutido o fim desta “guerra fiscal”. O diálogo que temos com o governo é no sentido de fortalecer a idéia de que não apenas nossa cidade, mas o estado como um todo, possam oferecer condições de que empresas se instalem em Minas. Hoje Minas Gerais é um estado com carga tributária acima de São Paulo e outros estados, o que dificulta a vinda –e a vida- de empresas. Como o estado já está financeiramente saneado, acredito que chegou a hora de "rediscutir" esta carga. O município está fazendo seu “dever de casa”, estimulando a chegada de novos empreendimentos e proporcionando às empresas que já estão aqui instaladas que continuem crescendo, gerando emprego e renda.
VP! - Educação: muito se fala em aumentar o tempo de permanência das crianças na escola, mas pouco se ouve falar de qualificação continuada dos professores. Que projetos há para melhorar esta situação?
PCS - Nós avançamos neste tema no segundo semestre de 2008 com a criação daquilo que sempre foi um sonho dos profissionais da área de educação: o Centro de Referência do Professor, que vai proporcionar qualificação e capacitação -enfim, evolução na formação dos professores visando a melhoria na qualidade do ensino. A educação municipal em Poços é referência de ensino público, com índices acima dos definidos pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para 2011, o que não significa que podemos nos acomodar. Temos que continuar buscando a excelência com a escola de tempo integral, investindo no Plano Municipal da Juventude, com crianças fora das ruas, até por uma questão de segurança e tranqüilidade das famílias. No momento em que podemos dar atenção com ensino de qualidade, lazer e alimentação decente, nós estamos tirando estas crianças do convívio ruim das ruas e, com certeza, nós teremos menos problemas lá na frente com questões como drogas. Estes investimentos continuarão sendo feitos, e fundamentalmente vamos também fortalecer a qualificação e capacitação daqueles que levam cidadania às crianças.
VP! - Alguma vez o Sr. pode ter cometido um erro. Do que o Sr. se arrepende ao longo da vida?
PCS - Eu poderia ter casado mais cedo... eu sou muito “família”. Adoro chegar em casa, “curtir” meus filhos, ver minha esposa. Devia ter feito isso antes! Aliás, me considero melhor como pai do que político.
VP!- Qual projeto eventualmente não realizado em seu mandato vai tirar-lhe o sono?
PCS - Eu fiz um compromisso com a cidade de construir uma “via estrutural” que vai ligar o centro da cidade à zona oeste, aproveitando o antigo leito da ferrovia, para proporcionar melhor qualidade no trânsito, já que não temos muitas opções de ligação com aquela região. Primeiro vamos fazer a ligação da zona oeste com a Rodovia do Contorno, que é uma obra mais simples, de modo a facilitar o escoamento da produção daquela região, que é industrial. Assim tiramos ainda mais veículos pesados do centro. Esta estrutural pelo leito da ferrovia me preocupa pelo custo e pelo impacto social, já que na chamada “beira-linha” há muitas famílias que ali estão há dezenas de anos e não é nossa idéia fazer alterações ou investimentos que venham trazer transtornos. Então esse é um tema que me preocupa, já que há um compromisso de achar uma alternativa para melhoria do trânsito.
VP! - Não dá para agradar a todos. O que é mais difícil: escolher um técnico para um cargo político ou um político para um cargo técnico?
PCS - Eu prefiro ter um técnico num cargo político. Dizem que “governar é formar equipes”, e a responsabilidade do prefeito é muito grande. Assim, eu prefiro enfrentar os descontentamentos políticos tendo técnicos ocupando os cargos, de modo que a possibilidade de erros seja menor. Claro que o ideal seria conciliar o técnico com o político: se os partidos têm nomes com competência técnica para oferecer, perfeito; quando não tiverem, vamos buscar o técnico. Mesmo os cortes de cargos que eu pretendo fazer vão trazer algum descontentamento, mas é no começo do governo que se faz isto, depois é muito difícil.
VP! - O Sr. teve 47.127 votos para prefeito, enquanto os demais candidatos tiveram 32.031 votos, mais 8.590 entre votos brancos e nulos. Que mensagem o Sr. daria aos 40 mil poços-caldenses que NÃO votaram diretamente no Sr.?
PCS - Eu digo que não vai haver nenhuma distinção, eu vou governar para a cidade toda. Nós participamos de uma eleição e somos eleitos por uma parcela, mas governamos para todos, indistintamente. Eu nunca pergunto para as pessoas que procuram meu gabinete se votaram em mim ou não. Mesmo quando era vereador sempre me pautei nisso. Eu não fiz da vida pública uma profissão. Hoje eu “estou” vice-prefeito, amanhã “estarei” prefeito. Eu quero acertar e conquistar aqueles que ainda não acreditam em mim. Agora é governar para todos e se possível buscar apoio inclusive de pessoas que não fizeram parte deste nosso projeto político mas que tenham uma contribuição a dar à nossa cidade. Vamos tentar agregar forças para o bem de Poços de Caldas.
Viva Poços! - O que é melhor para a cidade: governar com maioria confortável na Câmara ou contar com uma oposição inteligente e focada?
Paulo César Silva - Claro que a “maioria confortável” é interessante, ela dá condições de negociar, mas é fundamental que se tenha uma “oposição propositiva” que também cobre, fiscalize, de modo que não achemos que está tudo bem. Eu acho interessante ter uma oposição inteligente e, como disse, propositiva.
VP! - Muito mais que “departamentos”, DME e DMAE são reconhecidos como “empresas-referência”, mas o DMAE, por exemplo, cobra uma taxa de R$ 0,45 a título de “aluguel de hidrômetro”. O Sr. acha que é possível fazer os serviços de ambas custarem menos à população, garantindo rentabilidade após os “investimentos sociais”?
PCS - Penso que o poder público deve ter isto como obrigação. As empresas públicas ou autarquias devem procurar excelência nos serviços com o melhor custo possível para o consumidor. Nós temos feito estudos e pretendemos inclusive modificar a questão da taxa de iluminação pública para famílias de baixa renda e de menor consumo. Pensamos também em beneficiar estas famílias nas taxas de água e esgoto.
VP! - De acordo com entrevista publicada em 2007, do diretor de mineração de uma empresa que atua na cidade extraindo bauxita, “Poços de Caldas é uma unidade explorada há cerca de 50 anos e caminha para a fase final. A vida útil de (extração em) Poços de Caldas é de mais 15 anos”. Como a cidade pode e deve se preparar para o fim desta fase, de modo a não correr o risco de haver outra “decadência” como em 1946?
PCS - Há informações de outras mineradoras com prazos maiores, enquanto uma delas continua fazendo investimentos bastante significativos em Poços de Caldas, então acredito numa vida útil maior. Há também projetos para extração de um outro minério bastante nobre -o nióbio (nota: o nióbio tem aplicações desde numa simples lâmina de barbear até em foguetes espaciais –a NASA é uma grande consumidora deste material), que vai continuar proporcionando uma atividade de extração mineral economicamente saudável na cidade.
VP! - Mundo em crise: o Sr. já percebe dificuldades para sua gestão?
PCS - Preocupado com esta questão, ainda que a considere passageira, penso que vamos ter reflexos importantes no próximo ano. Apesar do orçamento 2009 já estar na Câmara, prevendo pequeno aumento da receita em relação a 2008, temos que ter os pés no chão e, por conta disso, já pedi estudos para que possamos fazer uma reforma administrativa inclusive reduzindo cargos de confiança. Entendo que quando há intenção de continuar fazendo investimentos por meio de programas de obras –e este é um compromisso nosso com a população- se houver qualquer queda na receita do município é preciso ter meios de compensar, e a melhor forma é diminuir custos, reduzir despesas.
VP!- A cidade perde investimentos (inclusive alguns já existentes) para locais como Suape, em Pernambuco, por falta de incentivo estadual. Como combater isso, já que há um esforço enorme para viabilizar o distrito industrial e de outro lado são eliminados, por exemplo, 100 postos de trabalho de uma vez?
PCS - Eu tenho boas expectativas em relação à forma como o governo de Minas tem discutido o fim desta “guerra fiscal”. O diálogo que temos com o governo é no sentido de fortalecer a idéia de que não apenas nossa cidade, mas o estado como um todo, possam oferecer condições de que empresas se instalem em Minas. Hoje Minas Gerais é um estado com carga tributária acima de São Paulo e outros estados, o que dificulta a vinda –e a vida- de empresas. Como o estado já está financeiramente saneado, acredito que chegou a hora de "rediscutir" esta carga. O município está fazendo seu “dever de casa”, estimulando a chegada de novos empreendimentos e proporcionando às empresas que já estão aqui instaladas que continuem crescendo, gerando emprego e renda.
VP! - Educação: muito se fala em aumentar o tempo de permanência das crianças na escola, mas pouco se ouve falar de qualificação continuada dos professores. Que projetos há para melhorar esta situação?
PCS - Nós avançamos neste tema no segundo semestre de 2008 com a criação daquilo que sempre foi um sonho dos profissionais da área de educação: o Centro de Referência do Professor, que vai proporcionar qualificação e capacitação -enfim, evolução na formação dos professores visando a melhoria na qualidade do ensino. A educação municipal em Poços é referência de ensino público, com índices acima dos definidos pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para 2011, o que não significa que podemos nos acomodar. Temos que continuar buscando a excelência com a escola de tempo integral, investindo no Plano Municipal da Juventude, com crianças fora das ruas, até por uma questão de segurança e tranqüilidade das famílias. No momento em que podemos dar atenção com ensino de qualidade, lazer e alimentação decente, nós estamos tirando estas crianças do convívio ruim das ruas e, com certeza, nós teremos menos problemas lá na frente com questões como drogas. Estes investimentos continuarão sendo feitos, e fundamentalmente vamos também fortalecer a qualificação e capacitação daqueles que levam cidadania às crianças.
VP! - Alguma vez o Sr. pode ter cometido um erro. Do que o Sr. se arrepende ao longo da vida?
PCS - Eu poderia ter casado mais cedo... eu sou muito “família”. Adoro chegar em casa, “curtir” meus filhos, ver minha esposa. Devia ter feito isso antes! Aliás, me considero melhor como pai do que político.
VP!- Qual projeto eventualmente não realizado em seu mandato vai tirar-lhe o sono?
PCS - Eu fiz um compromisso com a cidade de construir uma “via estrutural” que vai ligar o centro da cidade à zona oeste, aproveitando o antigo leito da ferrovia, para proporcionar melhor qualidade no trânsito, já que não temos muitas opções de ligação com aquela região. Primeiro vamos fazer a ligação da zona oeste com a Rodovia do Contorno, que é uma obra mais simples, de modo a facilitar o escoamento da produção daquela região, que é industrial. Assim tiramos ainda mais veículos pesados do centro. Esta estrutural pelo leito da ferrovia me preocupa pelo custo e pelo impacto social, já que na chamada “beira-linha” há muitas famílias que ali estão há dezenas de anos e não é nossa idéia fazer alterações ou investimentos que venham trazer transtornos. Então esse é um tema que me preocupa, já que há um compromisso de achar uma alternativa para melhoria do trânsito.
VP! - Não dá para agradar a todos. O que é mais difícil: escolher um técnico para um cargo político ou um político para um cargo técnico?
PCS - Eu prefiro ter um técnico num cargo político. Dizem que “governar é formar equipes”, e a responsabilidade do prefeito é muito grande. Assim, eu prefiro enfrentar os descontentamentos políticos tendo técnicos ocupando os cargos, de modo que a possibilidade de erros seja menor. Claro que o ideal seria conciliar o técnico com o político: se os partidos têm nomes com competência técnica para oferecer, perfeito; quando não tiverem, vamos buscar o técnico. Mesmo os cortes de cargos que eu pretendo fazer vão trazer algum descontentamento, mas é no começo do governo que se faz isto, depois é muito difícil.
VP! - O Sr. teve 47.127 votos para prefeito, enquanto os demais candidatos tiveram 32.031 votos, mais 8.590 entre votos brancos e nulos. Que mensagem o Sr. daria aos 40 mil poços-caldenses que NÃO votaram diretamente no Sr.?
PCS - Eu digo que não vai haver nenhuma distinção, eu vou governar para a cidade toda. Nós participamos de uma eleição e somos eleitos por uma parcela, mas governamos para todos, indistintamente. Eu nunca pergunto para as pessoas que procuram meu gabinete se votaram em mim ou não. Mesmo quando era vereador sempre me pautei nisso. Eu não fiz da vida pública uma profissão. Hoje eu “estou” vice-prefeito, amanhã “estarei” prefeito. Eu quero acertar e conquistar aqueles que ainda não acreditam em mim. Agora é governar para todos e se possível buscar apoio inclusive de pessoas que não fizeram parte deste nosso projeto político mas que tenham uma contribuição a dar à nossa cidade. Vamos tentar agregar forças para o bem de Poços de Caldas.
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Grande entrevista, Rubens. Parabéns para você!!! E ao Paulinho também. Ele demonstra estar bem consciente dos percalços que pode encontrar e bem intencionado em fazer nossa cidade cada vez melhor.
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