Quando eu era criança e alguém perguntava "O que você vai ser quando crescer?", invariavelmente a resposta era: "Salsicha, mas só se for do Frigor Éder!". Era o diálogo de simpáticos porquinhos em um anúncio de tv do Frigorífico Éder, copiado por boa parte da garotada da época.
Pois bem. Dia 10/4, em pleno feriado prolongado, a nova gestão municipal, capitaneada pelo prefeito Paulo César Silva, completou 100 dias de governo. O número 100 em si não me diz nada, mas como vivemos no sistema decimal e 100 nada mais é que 10 vezes 10, cria-se uma certa mística e, como o assunto vai ocupar a mídia em Poços nesta semana, até mesmo porque o prefeito disse que faria uma avaliação do período, não poderia deixar de expressar meu pensamento sobre o tema.
Para mim, estes 100 dias se resumem numa palavra: ausência. Não estou falando da ausência do prefeito. Ao contrário, ele parece ser onipresente -está socorrendo atingidos pela enchente do rio, depois aparece em Brasilia numa audiência com um ministro, é visto em entrevista na tv, logo a seguir toma café num restaurante da cidade. No fim, parece que há muitos “Paulinhos”, o que é bom.
A ausência que quero discutir é de rumos. De norte. De foco. Na audiência pública realizada no dia 9/4 -marcada pela "baixa audiência" da população, de boa parte dos secretários e vereadores, e da falta do prefeito e da vice- para discutir metas orçamentárias dos próximos anos, apresentei as seguintes questões às poucas autoridades presentes: “qual é o destino de Poços de Caldas? Onde está o futuro da cidade? Na indústria, no turismo ou na universidade?”. As respostas ficaram entre “temos que ser bons em tudo” e “não sabemos qual é o caminho”. A primeira, improvável; a segunda, contundente, mas que pode -e deve- ser mudada.
Se queremos ser uma “cidade industrializada”, padecemos diante de uma lei de incentivo que exige demais dos empreendedores pretendentes em troca de um terreno, o que provoca a debandada de empresas candidatas para outras cidades, mais “abertas” no objetivo da geração de empregos. O longínquo Pernambuco é um exemplo, levando embora até mesmo investimentos que poderiam ter continuado por aqui.
Se queremos ser uma “cidade turística”, não podemos continuar dependendo de uma rede hoteleira que, em geral, sequer oferece aquecimento em pleno inverno e insiste em vender “pensão completa”, limitando o crescimento dos restaurantes e o surgimento de novos espaços gastronômicos. Refeições inclusas são ideais para pousadas afastadas, não para uma cidade com a estrutura da nossa, urbana e concentrada.
Se queremos ser uma “cidade universitária”, temos que dar, além de salas de aulas, condições de acomodar os estudantes, longe de mal-ajambradas republiquetas, sem condições de morar e estudar. E, claro, oferecer a possibilidade concreta de que, cumprida a temporada acadêmica, terão trabalho. A não ser que queiramos sub-empregados diplomados, em funções muito abaixo de sua formação.
Em comum, as três "cidades" -industrial, turística ou universitária- devem ter como referência a geração de empregos, evitando que os jovens de hoje sejam os desempregados de amanhã.
Se não atrairmos empresas em quantidade, exigindo apenas geração segura de empregos, deixando de colocar exigências como“doações sociais” e empresas de ponta, continuaremos a perder investimentos para outras cidades, mais bem servidas inclusive de rodovias.
O turismo tem se mostrado mundialmente grande gerador de trabalho, já que movimenta não apenas hotéis, mas comércio, gastronomia e museus, entre outros. Na estagnação que estamos, achando que basta o desembarque de vovôs e vovós de ônibus de excursão para movimentar a cidade, não vai demorar para vermos Poços de Caldas como "destino alternativo".
Por fim, de que vai adiantar investir grandes somas na construção e criação de universidades e cursos, recebendo estudantes de fora ou locais, que depois não encontrarão espaço de trabalho suficiente, indo gerar riqueza em outras cidades?
É hora de definir o caminho, sob pena de continuarmos sendo salsichas sem molho entre as fatias de pão do futuro e do emprego. Vamos pensar nisto.
Pois bem. Dia 10/4, em pleno feriado prolongado, a nova gestão municipal, capitaneada pelo prefeito Paulo César Silva, completou 100 dias de governo. O número 100 em si não me diz nada, mas como vivemos no sistema decimal e 100 nada mais é que 10 vezes 10, cria-se uma certa mística e, como o assunto vai ocupar a mídia em Poços nesta semana, até mesmo porque o prefeito disse que faria uma avaliação do período, não poderia deixar de expressar meu pensamento sobre o tema.
Para mim, estes 100 dias se resumem numa palavra: ausência. Não estou falando da ausência do prefeito. Ao contrário, ele parece ser onipresente -está socorrendo atingidos pela enchente do rio, depois aparece em Brasilia numa audiência com um ministro, é visto em entrevista na tv, logo a seguir toma café num restaurante da cidade. No fim, parece que há muitos “Paulinhos”, o que é bom.
A ausência que quero discutir é de rumos. De norte. De foco. Na audiência pública realizada no dia 9/4 -marcada pela "baixa audiência" da população, de boa parte dos secretários e vereadores, e da falta do prefeito e da vice- para discutir metas orçamentárias dos próximos anos, apresentei as seguintes questões às poucas autoridades presentes: “qual é o destino de Poços de Caldas? Onde está o futuro da cidade? Na indústria, no turismo ou na universidade?”. As respostas ficaram entre “temos que ser bons em tudo” e “não sabemos qual é o caminho”. A primeira, improvável; a segunda, contundente, mas que pode -e deve- ser mudada.
Se queremos ser uma “cidade industrializada”, padecemos diante de uma lei de incentivo que exige demais dos empreendedores pretendentes em troca de um terreno, o que provoca a debandada de empresas candidatas para outras cidades, mais “abertas” no objetivo da geração de empregos. O longínquo Pernambuco é um exemplo, levando embora até mesmo investimentos que poderiam ter continuado por aqui.
Se queremos ser uma “cidade turística”, não podemos continuar dependendo de uma rede hoteleira que, em geral, sequer oferece aquecimento em pleno inverno e insiste em vender “pensão completa”, limitando o crescimento dos restaurantes e o surgimento de novos espaços gastronômicos. Refeições inclusas são ideais para pousadas afastadas, não para uma cidade com a estrutura da nossa, urbana e concentrada.
Se queremos ser uma “cidade universitária”, temos que dar, além de salas de aulas, condições de acomodar os estudantes, longe de mal-ajambradas republiquetas, sem condições de morar e estudar. E, claro, oferecer a possibilidade concreta de que, cumprida a temporada acadêmica, terão trabalho. A não ser que queiramos sub-empregados diplomados, em funções muito abaixo de sua formação.
Em comum, as três "cidades" -industrial, turística ou universitária- devem ter como referência a geração de empregos, evitando que os jovens de hoje sejam os desempregados de amanhã.
Se não atrairmos empresas em quantidade, exigindo apenas geração segura de empregos, deixando de colocar exigências como“doações sociais” e empresas de ponta, continuaremos a perder investimentos para outras cidades, mais bem servidas inclusive de rodovias.
O turismo tem se mostrado mundialmente grande gerador de trabalho, já que movimenta não apenas hotéis, mas comércio, gastronomia e museus, entre outros. Na estagnação que estamos, achando que basta o desembarque de vovôs e vovós de ônibus de excursão para movimentar a cidade, não vai demorar para vermos Poços de Caldas como "destino alternativo".
Por fim, de que vai adiantar investir grandes somas na construção e criação de universidades e cursos, recebendo estudantes de fora ou locais, que depois não encontrarão espaço de trabalho suficiente, indo gerar riqueza em outras cidades?
É hora de definir o caminho, sob pena de continuarmos sendo salsichas sem molho entre as fatias de pão do futuro e do emprego. Vamos pensar nisto.
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Caruso,
ResponderExcluirExcelente este seu post..
O que Poços de Caldas quer ser??
Turistica?? Cidade de estudantes?? Industrial??
Com certeza estamos no centro de tudo isto..
Nao sabemos ao certo qual rumo tomar...
E com isto acabamos nao sendo nada!!
E desagradando a todos..
" cachorro com dois donos morre de fome"
Apenas citando um exemplo, um amigo que veio de Jundiai para o Encontro de Carros Antigos em Pocos, se hospedou em um determinado hotel.
No domingo ele foi OBRIGADO a almoçar no restaurante pois caso nao o fizesse teria sua diaria encerrada as 12hs. Caso almocasse poderia ficar ate as 15hs.
Um absurdo.. ele disse que ja viajou por todo Brasil e que é a primeira visita a Pocos e ficou surpreso com esta atitude. Que para voltar a Poços ira pensar duas vezes pois nao foi tao bem tratado nem bem hospedado como o preço cobrado.
E ca entre nos.. os hoteis de Poços estao parados no tempo a anosssss..
Inclusive alguns que dizem ser os melhores deixam e muito a desejar..
basta conversafr com os turistas!!
Que venha o novo empreendimento na junqueiras para salvar Poços!!!
Se e que queiramos ser uma cidade turistica..
Que de turismo estamos bem fracos tb!!!
Abs
Juliano
A vocação de Poços é turística. A parte industrial e turística em uma cidade até podem conviver bem, mas isso não funciona em Poços. A atividade turística é a que mais cresce em todo o mundo e nós temos a faca e o queijo na mão. Nossa cidade não perde em nada, em termos de belezas naturais, para os maiores centros turísticos do país. Mas, a especulação imobiliária, o sucateamento da rede hoteleira, o descaso com os pontos turísticos e a falta de direção do nosso Turismo estão fazendo Poços se descaracterizar.
ResponderExcluirJá não somos uma cidade sossegada e meramente turística. E também não somos uma cidade industrial (ainda bem!). A parte universitária que está crescendo.
Ainda fico com a melhoria e incentivo à atividade turística.