UM CERTO SR. SILVA

Há exatos 15 anos o mundo das corridas perdeu boa parte da graça. Nomes como Imola ou Tamburello entraram definitivamente no vocabulário dos brasileiros. O Sr. Silva, Senna para os fãs, Ayrton para os íntimos e Beco para a família, saía da vida para entrar na história.

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Desnecessário falar das virtudes de Senna ou o que ele representou -o brasileiro que batalha e vence ou o exemplo de dedicação ao trabalho na busca de um objetivo, encontrando a morte justamente num "acidente de trabalho". Quinze anos depois, seu nome contribui, por meio do Instituto Ayrton Senna, na educação e formação de mais de dois milhões de crianças e jovens.

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Ontem fui pesquisar como Poços de Caldas homenageou esse grande herói brasileiro. Na lista telefônica não há uma rua, avenida ou outro logradouro com o nome do piloto. Fiquei preocupado. Fui ao site da Câmara e encontrei duas leis na busca: a de número 6.500, que "denomina Ayrton Senna da Silva a praça existente no início do bairro Dom Bosco"; a de número 6.561, que "autoriza o Poder Legislativo a colocar em praça pública um pedestal com a estátua de Ayrton Senna da Silva".

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Hoje cedo fui procurar a "praça Senna". É uma praça pequena, simples, sem qualquer indicação, razovelmente cuidada. A estátua está em condições lamentáveis, muito abaixo do mínimo que um personagem da importância de Senna merece: desbotada, manchada, o clássico boné do Banco Nacional sem a aba, o rosto do piloto parecendo uma caricatura e, para finalizar, no macacão do piloto é possível ler o nome "SENA" com um "n" apenas, como se fosse um bilhete de loteria.

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Deixo aqui duas proposições aos nossos valorosos líderes políticos: à Câmara, antes de se deslocar ao Rio de Janeiro na tentativa de trazer uma obra de Niemeyer para cá, que pense em preservar decentemente a memória de Senna; à Prefeitura, ora empenhada em transformar as abóboras do Halloween em Saci-Pererê, que ofereça uma homenagem de peso à memória do piloto, denominando pelo menos uma grande avenida de "Ayrton Senna da Silva". É o que cabe a quem foi, além do esportista, um modelo de cidadão e ser humano.

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