quinta-feira, 2 de julho de 2009

SEIS MESES: E AGORA?

Há seis meses tomavam posse em Poços de Caldas prefeito e vereadores eleitos. Nesse tempo, muita água rolou pelos rios que cortam Poços de Caldas. O período de meio ano é propício à reflexão sobre os erros ou faltas. Bater no peito gabando-se de determinada realização ou obra é chover no molhado: ocupantes de cargos eletivos devem honrar diariamente o botão verde apertado nas urnas eletrônicas com o cumprimento de suas obrigações -fazer o melhor e, principalmente, fazer bem feito.
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Nesses seis meses muitos fatos perturbaram certamente boa parcela da população. Para iniciar, a crise econômica mundial, que acabou servindo de pano de fundo para que muitas promessas não fossem realizadas ou, na melhor das hipóteses, adiadas. A cidade mergulhou numa crise sem precedentes na área de saúde -pode ser que a situação nem mudou, mas pelo menos a população teve acesso à informação, ao conhecimento dos problemas, desde a dificuldade para a marcação de uma consulta à falta de especialistas, passando por filas e equipamentos de exames inexistentes ou quebrados por muito tempo. Problemas que levaram o titular da pasta a cair, mas, como sempre ocorre nesses casos, cair para cima, talvez ocupando cargo numa esfera maior. Dizem que saiu magoado. O prefeito empurrou parte do problema para a imprensa, mas trocar o treinador certamente não resolverá os problemas do time, espelho do que acontece na saúde em todo o País.
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No turismo, trançamos as pernas em pequenas bogagens, mas de grande estrago prático. Como aceitar que a prefeitura, sabendo da potencial chance de parada do teleférico por problemas elétricos, assumiu o risco e deixou os passageiros “pendurados” lá em cima? Velhinhos, mães com crianças, todos passaram por grande susto.
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Ainda é difícil digerir o tal corredor do axé -talvez o primeiro grande imbróglio da atual gestão- que era para ser num local, foi para outro, com a “principal” banda anunciada não cumprindo o compromisso, tudo isso vestido de abadás cujas vendas, tal qual o dispêndio total, não foram divulgados de maneira efetiva para que o cidadão avalie se vale ou não continuar com a “axenização” em Poços. Eu não sei quanto custou o carnaval. Alguém leu nos jornais?
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Na área de transportes, nossa prefeitura derrapou feio na buraqueira da novíssima Avenida Alcoa, inaugurada a toque de caixa. Buracos também condenaram a avanida Celanese, local que abriga grandes empresas e boa parte do PIB municipal. Esta mesma avenida foi alvo da prefeitura, que determinou a exclusão do obrigatório serviço de ônibus, em nome de um suposto “déficit que compromete todo o sistema de ônibus da cidade”. Não fosse a união dos empresários e moradores locais, uma das mais importantes avenidas do município deixaria de ser rota de pelo menos uma linha de ônibus. As sucessivas operações tapa-buracos já não dão conta e, recentemente a prefeitura tentou inutilmente praticar a “empurrocracia” para as empresas, tentando que parte dos cerca de R$ 600 mil de custo estimado para a reconstrução da avenida fosse pago pelas empresas, como se a crise fosse só da prefeitura.
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Falando de novo em crise, esta parece não se abater sobre a Câmara Municipal. Após gastar cerca de R$ 600 mil em reformas, nossa casa de leis, ora em recesso, passará por mais obras. Não bastasse isso, o presidente insiste no tal “projeto Niemeyer” para uma eventual nova Câmara num provável Paço Municipal num indefinido local, objeto de incertezas ambientais. Já se fala que Niemeyer cobraria R$ 1.200.000 só pelo projeto. Some-se os demais custos de construção e teremos praticamente uma nova pirâmide do Egito em pleno interior mineiro, o que fere os princípios da simplicidade e economicidade obrigatórios nos projetos públicos. A isso não se pode -definitivamente- chamar de crise.
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Por outro lado, logo na estreia da nova legislatura, dois dos nossos bravos guardiães do erário público deram mostras de que não estavam ainda muito focados, concedendo a pessoas do mesmo sobrenome homenagens na semana da mulher. Mau começo. Se pelo menos tivessem feito “indicações cruzadas”, quando um vereador indica o parente do outro, o assunto teria ficado menos feio.
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Recentemente, aconteceu o festejado anúncio da futura instalação de uma nova empresa multinacional em Poços, cujo investimento milionário aparece como panacéia para todos os males do desemprego na cidade. Mas a notícia veio cercada de mistérios, entre outros sobre quais seriam os benefícios concedidos pelo município e, principalmente, o que foi oferecido (e aceito) pela empresa em termos de renúncia fiscal estadual. Os maiores méritos, penso eu, são efetivamente do governo do estado, esse sim o grande incentivador da instalação de empreendimentos em Minas. Na contramão, uma empresa do ramo alimentício aproveitou a onda para também anunciar seu projeto em Poços -na ausência do prefeito, mas com o conhecimento da Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho. Ficou estranho. Em comum, o fato de que ambas prometem gerar centenas de empregos, com enorme dificuldade e investimento. Por outro lado, desde o ano passado ocorrem centenas de demissões na cidade, com a facilidade de uma simples “canetada”. Assim, tão importante quanto gerar empregos é manter os que existem e para isso não se notam elevados esforços.
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Não poderia deixar de lado a questão das comunicações. Há muito o que melhorar, desde a proposta que fiz para o prefeito criar um blog (Obama tem, Polli tem, Lula terá) ou que pelo menos disponibilize o email oficial para criar um canal de comunicação direta com os cidadãos. Conversar com a administração pelo cacofônico "Fale-cidadão" torna-se barreira entre o povo e o chefe do executivo. Mutirões de atendimento com 50 pessoas num único dia é pouco. O prefeito precisa ouvir mais a voz do povo. Ou, pelo menos, "ler" a voz do povo.
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Inaceitável também é o fato do site oficial da prefeitura ter ficado cerca de 20 dias, em junho, sem atualização, ainda mais estampando entre as manchetes a comemoração do “Dia do Servidor Homen” (com “n”, até hoje sem correção), além do fato de que, em pleno século 21, era da informação e conhecimento, no link “Imprensa” do portal da prefeitura ainda conste um acesso para “Carnaval 2009”.
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Para finalizar, ou o assunto vai acabar muito longo, a mais recente indigestão deu-se com o aumento de inimagináveis 100% no valor do almoço no restaurante popular, com a prefeitura inicialmente alegando que iria aumentar o número de atendidos, depois empurrando o problema para os engravatados que lá frequentam mas não precisam, e no fechando a questão com economia para os cofres oficiais.
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Não sou onipresente, só enxergo uma parcela pequeníssima do que ocorre. Muitos outros problemas há em Poços de Caldas, e para isso mantemos cerca de 4.500 servidores para que, pelo menos, não façam parte dos problemas. Passados seis meses, fica a impressão de que tudo está igual como era antes.
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Continuo esperando uma “cara nova” da administração, muito além do novo penteado do prefeito. Espero que ele em breve deixe o ninho e passe a voar com suas próprias asas. Ainda acredito nele. E a cidade merece mais.
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