quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"CAPITÃO BALDUCCI"

Já havia passado da hora de termos um “Capitão Nascimento” -personagem central do filme “Tropa de Elite”- no comando da saúde em Poços de Caldas. Não assistiu ainda? Corra na locadora e alugue -original, nada de pirata, por favor!
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Capitão Nascimento é um policial duro, da elite policial, profundo conhecedor dos métodos e manhas do inimigo. Tem um conflito psicológico diário entre o compromisso com a farda preta que enverga e o combate ao que é errado fora e dentro da corporação.
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Não conheço pessoalmente o Dr. Balducci, recentemente empossado secretário de saúde. Uns dizem que é camarada, outros engasgam só de ouvir seu nome. Não vem ao caso. Mas posso falar do que vejo e ouço todo dia: a situação lamentável a que chegou a saúde em Poços e a certa mão de ferro que ele demonstra para tentar dar fim aos problemas da área.
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Algumas informações sérias vieram do próprio secretário, como a “descoberta” de que há médicos e enfermeiros ganhando muito mais do que o próprio prefeito. Pode ser circunstancial ou pontual, mas o fato de um doutor ganhar “oficialmente” mais de R$ 81 mil reais, conforme denunciou o imperdível blog do jornalista José Carlos Polli (http://www.blogdopolli.zip.net/) merece investigação profunda, e o Dr. Balducci não parece disposto a poupar seus "colegas de farda".
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É claro que ninguém recebe uma importância dessas de “salário” senão à luz da lei. O que preciso saber é se o autor da façanha fez por merecer. Se trabalhou nos plantões, atendeu, salvou vidas, fez sua parte com afinco e ainda dentro da lei, que venha a público mostrar seus méritos. Polli diz que o holerite do tal doutor está na mesa do prefeito “para providências”. Como o fato não é novo, já que ninguém recebe R$ 80 mil “de repente”, o caso deve ser analisado historicamente, chegando inclusive a quem autoriza os pagamentos.
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Também ação meritória do “Capitão Balducci” diz respeito à ameaça de greve dos funcionários da saúde, que estava (estava) marcada para a próxima segunda-feira (17/8), incluindo anúncio na mídia pedindo a "compreensão da população". O secretário afirmou em entrevista à Rádio Difusora sua indignação, visto que a questão de correções nos salários dos funcionários do setor fora objeto de discussão com o prefeito, e que o projeto havia sido enviado à Câmara Muncipal. Disse que não aceita nem entende o movimento, em especial pelo momento delicadíssimo que a epidemia de gripe descortinou.
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Na mesma reportagem da rádio, a presidente do sindicato do funcionalismo municipal afirma que mudaram os planos e no lugar da greve realizariam então uma assembleia para discutir de novo o tema. Típico: assembleias, discussões, reuniões, bem como o batidíssimo discurso da “luta de empregados e patrões”. A presidente só não botou na cabeça, século 21 adentro, que o “patrão” não é o prefeito, nem o secretário. O “patrão” do funcionalismo é o povo, que faz das tripas coração para manter em funcionamento uma prefeitura inchada, com cerca de 4.500 funcionários e que, portanto, têm obrigação de atender bem, cuidar de quem os procura, serem educados e corteses e, principalmente, resolver os problemas da população, dentro de sua alçada.
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Outra fala da presidente foi a questão da insalubridade. Ora, quem trabalha na saúde já sabe que é uma área “insalubre”, ou seja, há riscos entre outros de contágio de doenças. Já pensou um policial pedindo abono por risco profissional ou um bombeiro exigindo aumento de salário por combater o perigoso fogo? Então a insalubridade é intrínseca à profissão de saúde, excetuando-se alguns cargos burocráticos de gabinete, que não exigem contato com pacientes.
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Para encerrar, "Capitão Balducci" foi convidado a ir à Câmara Municipal na próxima terça (18/8). Tomara que ele chegue lá devidamente escoltado da lista de nomes dos que andam recebendo além da conta, vestido não de jaleco branco, mas de farda negra do Bope, com o distintivo “Tropa de Elite”.
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E que venham outros “capitães” para a administração, bradando: “pede pra sair! Pede pra sair!”. Poços de Caldas precisa.
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