sexta-feira, 21 de agosto de 2009

INDEPENDÊNCIA OU GRIPE, UAI!

Lembro claramente das vezes em que meu pai nos levou -eu e meus irmãos- para ver os desfiles de sete de setembro. Era uma festa, em pleno aniversário do papai, poder sair com ele para ver tropas marchando, tanques de guerra, pirâmides humanas sobre uma Harley-Davidson ou o barulhento bater de ferraduras no asfalto, protagonizado pela cavalaria. Aliás, até hoje não entendo como é que meu pai conseguia levar pelas mãos os três moleques.
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Anos mais tarde acabei integrando o 1o. Regimento de Cavalaria de Guardas, os "Dragões da Independência", na capital federal. Fui contra minha vontade, já que à época -1980- tinha algumas inclinações político-socias mais "à esquerda", e estava concluindo o então segundo grau, hoje ensino médio.
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Seguindo a dica da minha mãe -"faça do limão uma limonada"-, cumpri minha obrigação cívica no mais tradicional dos estabelecimentos militares do País. O Regimento tem origem na guarda imperial e aparece representada, por exemplo, no quadro da Proclamação da Independência, de Pedro Américo. Sei que a obra exagera, pois a clássica farda branca dos Dragões é "de gala", e certamente não estaria em uso numa viagem como a que Dom Pedro I empreendia por ocasião da proclamação. Mas vale o registro.
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Ainda hoje, trinta anos depois, não perco na tv, todo sete de setembro, o desfile que acontece em Brasilia, sempre encerrado pelos Dragões da Independência. Não há quem não se admire com centenas de cavaleiros em formação, a galope. E, infalível, sempre haverá um cavalo sem cavaleiro, derrubado alguns metros antes. Pode conferir.
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Toda essa lembrança ocorre porque li hoje, no Jornal de Poços, a informação de que a prefeitura pretende cancelar o desfile de 7 de setembro na cidade. A justificativa oficial se dá por conta da epidemia de gripe, de modo a evitar a aglomeração de pessoas, com o claro objetivo de reduzir os riscos de transmissão do vírus. Em troca o prefeito oferece uma "grandiosa parada" no dia 6 de novembro, aniversário a cidade. Aliás, ele prometeu até ressuscitar o monotrilho.
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Mas esse assunto é outra "conta que não fecha". De acordo com a prefeitura, a Festa Uai não foi cancelada por ser realizada "em local aberto e com boa ventilação", sendo que "o fluxo de público é quase que em sua totalidade de poçoscaldenses e a presença não é obrigatória", de acordo com o secretário de saúde, "capitão" Balducci. Ele mesmo diz que "acreditamos que o município vai receber (no 7 de setembro, feriado prolongado) um grande número de turistas e, em virtude disso e da exposição de crianças, estamos estudando a possibilidade do cancelamento do desfile".
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Ora, ou tudo ou nada! Ou cancelam todas as possibilidades de aglomerações ou vamos fazendo essa seleção de maneira esquisita. Festa Uai pode, com milhares se acotovelando para ver, por exemplo, a "estrela em ascensão" Eduardo Costa; crianças que estão na escola, com centenas (não são milhares...) de pessoas assistindo um desfile "em local aberto e com boa ventilação" não pode? Não entendi!
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Tenho a impressão que o secretário foi voto vencido na questão da Festa Uai.
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