Perdoem-me os amigos leitores do Viva Poços! pela insistência no tema, mas é assunto milionário que afeta diretamente os bolsos de todos poçoscaldenses.
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Para começar, agradecimentos ao Jornal de Poços, que publicou novamente hoje (2/8), o artigo "O Enigma da Pirâmide", na seção Opinião do veículo. Para um jornalista é uma honra merecer tamanha consideração, sinal de que o assunto é importante.
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O artigo sai acompanhando outro, bastante interessante, de autoria do petista Paulo Tadeu, ex-prefeito de Poços de Caldas, sob o título "A alegoria do Paço Municipal". Analisando o conteúdo do artigo, deixando de lado eventuais interesses político-eleitorais do autor e a carona na oportunidade que o ex-prefeito pega após uma semana de debates do assunto em parte da mídia local, o ex-prefeito traz à tona assuntos por vezes recorrentes (muitos sem resposta até hoje), ligando-os de tal forma que a conclusão é que o projeto de um novo prédio da Câmara nada mais é que apenas outro ato de uma série de dúvidas que assombram a cidade. Gostem ou não da figura de Paulo Tadeu, o certo é que ele merece respeito, alicerçado pelo cabedal político acumulado e os milhares de votos obtidos na eleição de 2008.
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Embora aponte logo no início do texto "o grupo político que comanda Poços hoje", seria importante que Tadeu desse nome aos "acusados", como quando afirma que a aquisição da área para a eventual instalação do Paço Municipal é "uma mistura de ações de governo com interesses familiares de secretário". Se ele sabe tanto e tem convicção, deveria apontar quem é o secretário beneficiado. Diga quem é, prefeito, o povo merece saber.
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Mas voltando ao tema em tela, o melhor do artigo vem quando Tadeu diz: "Agora o presidente da Câmara, velho e respeitado carnavalesco, resolveu dar asas à imaginação sem limites, própria dos mais lunáticos enredos. Está contratando o escritório de Oscar Niemeyer por R$ 1.250.000 para um projeto que custará mais de R$ 12 milhões. Ora, se ele quer construir uma pirâmide e brincar de faraó, que faça com o próprio dinheiro!", emendando ainda que, com os valores envolvidos, é possível construir um grande hospital ou dez escolas, entre outros.
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Tem razão o ex-prefeito, mas discordo quando ele aponta um único responsável para o já apelidado "Projeto Niemeyer". Não creio que o presidente da Câmara tenha feito sozinho todo o processo. Aliás, o vereador Álvaro Cagnani afirmou em entrevista à Rádio Difusora, que houve uma "reunião informal" para fechar a questão. É sim responsabilidade de toda a Câmara Municipal, cujos representantes não levaram a termo a discussão, principalmente os dois vereadores ditos de "oposição" -Ciça e Flávio (correligionário do ex-prefeito), aquietados diante de assunto tão importante. Da oposição espero "barracos", pulos sobre a mesa, greve de fome, acampamento na frente da Câmara.
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Entre os vereadores, honrosa exceção seja feita ao vereador Antonio Carlos, cuja posição contrária manifestou algumas vezes, ora no microfone que comanda no rádio, ora em entrevistas sobre o projeto. Os demais, do que vi ou ouvi, acabaram num discursinho pasteurizado trafegando entre o "necessitamos de um novo espaço" até o impensável "o valor do projeto até que é bom, mas R$ 14 milhões para construir é alto". A imprensa promete ouvir todos os vereadores, que terão a chance agora de esclarecer suas participações no tema, informando se houve votação, em que condições aconteceu a tal "reunião informal", explicando as razões da não haver no site da Câmara menções sobre o assunto. Imagino que, após a cidade incendiada pela discussão, muitos devem escorregar, deixando seu presidente entregue aos leões se, ao final, verificar-se que todos ou a maioria são contra o projeto.
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Ainda hoje, a Associação Sulmineira de Engenharia, Arquitetura e Agronomia publica manifesto, no qual sugere que a melhor forma de contratação para o projeto seria a licitação por Concurso Internacional, o que "destacaria Poços de Caldas no cenário nacional e mundial", afirmando que a área adquirida não está "liberada ainda pelos órgãos ambientais, o que não tem prazo definido para ocorrer, inviabilizando o local e o projeto em questão". O manifesto assegura que, "do ponto de vista Urbanístico, a área escolhida não tem fundamentação científica, não cabendo sequer um plano de ocupação", concluindo que o "correto seria investir na área central em vez de tentar deslocar o desenvolvimento urbano para áreas periféricas". São especialistas falando, deixando claro seu respeito por Oscar Niemeyer.
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Ainda dá tempo de voltar atrás, rasgar o edital, picar o contrato (se é que já existe um). Nossa Câmara pode até transformar essa polêmica num discurso do gênero "a voz do povo é a voz de Deus" e sair por cima na história, sob pena de -na insistência- vermos cumprida a profecia de Paulo Tadeu, em seu artigo de hoje: "Como a obra naquele local não vai acontecer, quem vai devolver o dinheiro do contrato com o escritório do Dr. Niemeyer? A escola de samba Beija-Flor?". Um passivo político que nossos vereadores poderão carregar para sempre em seus currículos.
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Senhores Vereadores: coragem!
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