A Câmara Municipal de São Paulo tem uma estrutura surpreendentemente pequena diante da imensidão e dos problemas da maior cidade brasileira e sexta maior do mundo em população. Num espaço de 39 mil m2, que abriga três subsolos, térreo, 13 andares, marquise, terraço superior com heliponto, 10 elevadores, mais um prédio anexo, trabalham cerca de 1.940 servidores, dedicados ao funcionamento do poder legislativo paulistano, orbitando ao redor dos 55 vereadores que ali dão expediente.
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Essa estrutura terá consumido, ao final de 2009, um orçamento na casa dos R$ 310 milhões para legislar e fiscalizar o que acontece na cidade, valor percentualmente baixo diante dos R$ 27,2 bilhões que São Paulo deve gastar em verbas oficiais este ano.
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Já nossa amada Poços de Caldas, com seus cerca de 144.300 habitantes (IBGE 2007) e orçamento menor que o do legislativo paulistano, tem hoje 12 vereadores e uma estrutura funcional com 22 servidores e 12 assessores, ocupando um acanhado porém arrumado espaço no centro da cidade. É quase uma garagem de um prédio que não tem garagem –o Edifício Bauxita, marco ignorado da arquitetura poçoscaldense, primeiro arranha-céus da cidade, datado de 1946.
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Comparando o aparentemente impossível, a futura sede da Câmara Municipal de Poços de Caldas, fruto ainda invisível do polêmico e assinado “projeto Niemeyer”, com seus 7 mil m2 e potenciais sete novos vereadores e mais sete novos assessores (quanto sete!), receberá um total de 60 “ocupantes” permanentes quando -e se- concluída.
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Vamos então às contas: se dividirmos os 39 mil m2 de área da Câmara paulistana pelo total de pessoas que formam a estrutura legislativa daquela metrópole, chegamos a um valor de referência de 19,5 m2 por pessoa, enquanto a nossa nova Casa Legislativa, que na opnião dos que defendem o projeto vai ser "destaque mundial como atração turística; roteiro obrigatório para estudantes de arquitetura; um marco histórico", entre outras teorias não comprovadas, vai oferecer 116,7 m2 por pessoa, quase seis vezes mais que nossos irmãos mais ricos de além-divisa!
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Uma dúvida imediatamente surge: será que vereadores e servidores paulistanos trabalham amontoados, disputando espaço e usando “mesas-beliche”? Ou será que nos 7 mil m2 que nossa Câmara ocupará, os parlamentares serão aquinhoados, cada um, com um “gabinetaço” de 100 m2, o que não ocuparia nem 30% de todo o projeto? Como nem eu nem ninguém viu qualquer traço da estrutura, posso especular tranquilo.
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No campo das explicações difusas, já ouvi até que o novo prédio terá um teatro. Tudo isso, amigo leitor, obviamente pago pela Viúva da Franciso Salles, a Prefeitura, que repassa dos nossos impostos a verba que mantém funcionando a estrutura e os sonhos fora de contexto de legisladores alienados da dura realidade daqueles que os elegeram. Sem exceção: mesmo os que manifestaram-se contrários ao projeto o fizeram de forma pouco convincente, talvez mantendo viva a concreta integridade do "espírito de corpo". Não vá confundir com espírito de porco! Nem mesmo da "chamada" oposição veio grita.
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No campo das explicações difusas, já ouvi até que o novo prédio terá um teatro. Tudo isso, amigo leitor, obviamente pago pela Viúva da Franciso Salles, a Prefeitura, que repassa dos nossos impostos a verba que mantém funcionando a estrutura e os sonhos fora de contexto de legisladores alienados da dura realidade daqueles que os elegeram. Sem exceção: mesmo os que manifestaram-se contrários ao projeto o fizeram de forma pouco convincente, talvez mantendo viva a concreta integridade do "espírito de corpo". Não vá confundir com espírito de porco! Nem mesmo da "chamada" oposição veio grita.
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Ou exageramos na dose ao contratar ninguém menos que um Walter Mercado (com inexigibilidade de licitação, claro...) capaz de prever o que Poços e a Câmara serão em 50 anos, ou criamos um sensacional programa de conforto profissional legislativo, afinal, Poços, pequenina mas com problemas de metrópole, deve dar condições “dignas” de trabalho aos nossos bravos parlamentares. E se você -assim como eu- não está feliz com seu vereador, "ligue já!" para ele.
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