sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

HEITOR, CÍCERO E PRÁTICO

"Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada" (A Casa, de Vinícius).
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Feliz ano novo! Não, não estou maluco. É que desde que me entendo por gente, e faz um tempinho, sei que o ano novo só é ano novo depois do carnaval. Antes era na terça, agora já deu uma esticadinha para a quinta-feira pós-Momo, afinal, ninguém é de ferro a ponto de trabalhar logo cedo na quarta-feira de cinzas, depois de cinco dias de ócio, suor e cerveja.
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Na quarta à tarde estavam desmontando a Marquês de Sapucaí da Francisco Salles. Não com a mesma pressa com que o carnaval foi arranjado, mas pelo menos já se via o esforço para devolver o espaço à normalidade.
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Já que o assunto ainda é carnaval, antes de mais nada gostaria de saber se o monarca já devolveu a chave da cidade. Importantíssimo também saber se ele não fez uma cópia não autorizada do objeto, pensando em protagonizar um verdadeiro golpe de estado, assumindo o posto de Rei Pernalonga na Páscoa ou de Rei-chonchudo no Dia das Crianças. Já pensou?
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Uma análise superficial mostra que o resultado do carnaval, no geral, foi bom: a cidade lotou, os hoteleiros e suas medievais diárias completas festejaram o período, os turistas se esbaldaram com o carnaval clássico e o finado Corredor do Axé, travestido em 2010 de Corredor da Alegria, recebeu a pá de cal das mãos do próprio chefe do executivo, que fez aleluia com os ingressos encalhados, para o Povo ver e ouvir o "fino" da MPB. Já era. Os shows aconteceram, apesar do medo instalado diante do vasto cabedal dos organizadores. Mas R$ 150 mil é muito dinheiro em qualquer lugar do mundo, e essa bolada merece destino mais nobre do que investimento em "Boquinha da Garrafa". Parece até que os shows espantaram a freguesia, tornando o lugar um verdadeiro Corredor da Alergia.
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Ponto positivo foi ver as casinhas de madeira do Natal recicladas como "cabines de imprensa" e outros nomes. Se não é o melhor dos mundos, é um passo gigantesco se comparadas aos precários galinheiros de madeirit usados ano passado.
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Sem mortos e feridos, salvando-se todos no carnaval sem boletins de ocorrências, alguns mais excitados correram para bradar que "esse foi o melhor Carnaval de Poços!". Ingenuidade. O melhor sempre será o que não aconteceu ainda. E os bons estão lá atrás, no tempo em que a maior transgressão era um discreto lança-perfume. Hoje fornecem preservativos no portal da cidade. A ordem é transar, e os governos -todos- habilmente lavam as mãos, dando camisinhas.
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De resto, só alegria e a certeza de que o Carnaval de Poços tem sim que evoluir, e muito, mas sempre de olho na qualidade do passado. Forçar uma cultura "estrangeira" não cola. O deprimente "rebolation" cai bem na Bahia; em Minas, o carnaval mineiro e em Poços, o carnaval de Poços, com suas Charangas, Liras e diversão para a família unida.
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3 comentários:

  1. Caruso não sei como vc ainda não foi preso.
    A dose certa do carnaval poçoscaldense está na cara de todos, não enxerga quem não quer.
    Poços só tem sucesso em feriados prolongados por ser naturalmente tranquila (experimentem demitir os cabides da secretaria de turismo) e a cidade continuará caminhando.
    Pena que os gestores atuais não possuem massa cinzenta suficiente para otimizar esse potencial natural que a cidade oferece.

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  2. É bom que se observe que diversos hoteis do centro tiveram desistencias no primeiro e no segundo dia de carnaval porque os turistas não suportaram a barulheira.
    Seria muito interessante se a nossa secretaria de turismo procurasse fazer uma pesquisa nesse sentido.

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  3. Caruso,
    Não podemos aceitar que o dinheiro público seja tratado como se não tivesse dono, são 150 mil deste ano e mais um tanto do ano passado que serviram para o chefe do executivo fazer "aleluia", dúvido que se fosse dele este dinheiro faria isto. Não podemos mais simplesmente aceitar que deu errado e pronto, afinal este grupo político que hoje governa tem vários mandatos de "experiência", até quando vão fazer aleluia com dinheiro do povo?

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