Vincenzo e Florêncio fizeram parte de um comunidade chamada Ferroviários -pessoas que, de uma forma ou outra, ampliaram as divisas econômicas e geográficas do País, cada um a seu modo, dentro de seus conhecimentos, habilidades a capacidades. Como, aliás, fizeram milhares de brasileiros.
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Vincenzo veio da Itália há 130 anos. Homem pobre, simples e analfabeto, desembarcou em Campinas e foi trabalhar como operário braçal na Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Florêncio, filho de Vincenzo, nascido brasileiro, começou na mesma Ferrovia como auxiliar de telegrafista, com apenas nove anos de idade. Ali trabalhou até se aposentar, quando partiu para a carreira artística. Vincenzo e Florêncio, Ferroviários, são respectivamente meu bisavô e meu avô. Se você quiser saber um pouco mais sobre a trajetória deles e seus descendentes, visite o http://www.pintorescaruso.blogspot.com/ .
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Trinta de abril marca o Dia do Ferroviário. Nessa data, em 1854, inaugurou-se a primeira linha ferroviária do Brasil, numa viagem que contou com a ilustre presença do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina. As mesmas Majestades que, 32 anos depois, desembarcariam em Poços de Caldas para inaugurar o Ramal de Caldas da Mogyana.
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O que você lê acima justifica parte do meu entusiasmo diante de uma "composição". Sempre me impressiona observar um trem passando, parado, uma locomotiva moderna ou a vapor, íntegra ou abandonada, não importa. Se em boas condições, claro, muito melhor.
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Em Poços de Caldas tentam fazer parecer que "esse trem passou". Lamentavelmente a antiga Estação está cercada, com a construção de um muro nos fundos de um posto de combustíveis vizinho, fechando o acesso à plataforma -ação no mínimo inconveniente, sob o olhar também no mínimo complacente das autoridades responsáveis pela manutenção do patrimônio histórico.
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Por outro lado, louve-se a ocupação da Estação, em breve, pela Secretaria de Turismo, essa curiosamente uma espécie de "patinho feio" da Administração numa cidade turística, que antes ocupava um espaço no Palace Casino, de lá desalojada para a restauração do local, indo parar num cantinho da Thermas, outra inaceitável oucpação indevida de Patrimônio. Agora a Secretaria vai para a Estação, o que representa uma sobrevida ao prédio, compensando, em parte, até mesmo a triste porta de Blindex lá colocada.
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É um passo. Se conseguirmos emplacar a ideia da preservação dos "Pilares da Mogyana", podemos estar iniciando a recuperação e preservação desse importante capítulo da história brasilieira em Poços de Caldas.
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A foto acima foi feita há duas semanas na pequena Monte Alegre do Sul, integrante do Circuito das Águas paulista. Praticamente pronta para uso, promete entrar em circulação em breve. Poços de Caldas tambem pode. História e capacidade nós temos.
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Clique na imagem para ampliá-la. E, quem sabe, sonhar, assim como eu sonho, com a volta do apito da "Maria-Fumaça" pelos vales da cidade.
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Caruso,
ResponderExcluirBelo artigo. Belas recordações.
Acredito que ser ferroviário é um estado de espírito. Digo isso por experiência própria, pois assim como você nunca trabalhei em uma empresa ferroviária (portanto não somos ferroviários por profissão),com a diferença que não tenho a sua felicidade de ter sangue ferroviário nas veias, porém segundo o pessoal da velha guarda da ferrovia daqui da região diz que sou "Ferroviário de Coração". Então, cheguei a conclusão de que todos, que como nós, amam os trens e tudo que os cercam são, de certo modo ferroviários.
Para compensar, sou ferreomodelista, então também posso dizer que sou ferroviário de trens em miniatura. A vantagem é que assim posso ser maquinista, chefe de estação, chefe de trem, licenciador, manobrador, construtor de linhas, etc.
É triste ver o que acontece com a cultura ferroviária de Poços de caldas, daqui de Ribeirão Preto e tantos outros lugares, mas não podemos ficar de braços cruzados apenas sonhando e relembrando o trem. Temos que por as mãos na massa trabalhar para garantir no mínimo a dignidade que o patrimônio ferroviário merece. Espero que em breve estajamos lembrando desses momentos e de como a situação se reverteu. De preferência em frente à uma estação bem cuidada ou até dentro de um trem correndo trilhos históricos.
Abraços,
Denis