segunda-feira, 12 de abril de 2010

OS PILARES DA MOGYANA


Cuidar corretamente do patrimônio histórico é uma atividade da qual nossa cidade deve se orgulhar. Palace Casino em franca recuperação, Thermas Antonio Carlos aguardando o momento de receber a atenção merecida, casarão do Country Club recém-recuperado ou a breve entrega da Estação Ferroviária são bons exemplos de preservação e capacidade de atração para os mais diversos perfis de visitantes e moradores de Poços de Caldas.
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Nesse momento, abril de 2010, um dos mais antigos e importantes patrimônios ainda existentes no município -talvez o mais antigo em condições originais, com 127 anos- pode desaparecer, engolido pelo mato e pela perigosa aproximação da expansão imobiliária: são os pilares do "Viaducto do Ramal de Caldas da Cia. Mogyana".
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O livro "Memorial da Companhia Geral de Minas", de Don Williams e Alex Prado, reproduz uma descrição técnica da obra: "1883 - Companhia Mogyana, ramal de Caldas, viaducto de Poços. Viaducto em curva de 82 m. de raio. Encontros e pilares de alvenaria. Vigias de alma cheia. 5 vãos de 13 metros, cada um. Custo da obra 78:000$ ou 196.560 francos ao cambio de 24d. por 1$000”.
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Construído entre 1881 e 1883, o viaduto, que servia ao Ramal de Caldas, trecho inaugurado em 1886 pelo Imperador Dom Pedro II, aqui presente com grande comitiva, é uma obra impressionante e que contribuiu para a reputação do Engº. Brodowski, seu construtor, mais tarde Inspetor Geral da Mogyana.
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Em 1943 o percurso da linha férrea foi modificado, de modo a reduzir a inclinação em alguns trechos, visando aumentar a capacidade de carga dos trens. Esta alteração levou ao abandono do antigo viaduto, cujos trilhos foram retirados, restando hoje apenas os Pilares, construídos pela sobreposição de grandes blocos de pedra.
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Com a criação de um novo bairro vizinho à PUC e outros loteamentos em implantação, o asfalto chegou muito perto dos Pilares, com a agravante de ter sido instalada uma grande manilha de águas pluviais nas imediações daquele sítio, o que pode contribuir para o aumento do volume hídrico junto às históricas construções, comprometendo definitivamente aquele precioso patrimônio.
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O espaço pode ser transformado facilmente, como está hoje, num logradouro turístico denominado “Os Pilares da Mogyana”. Para tanto, basta seguir como exemplo o processo de “relançamento” das Ruínas da Usina Pioneira, ação recente realizada junto à Cascata das Antas, que transformou um aparentemente perdido espaço em belíssimo ponto de visitação.
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Ainda há tempo para salvar os Pilares, num processo simples e de baixo custo para o município: cercar adequadamente a área, sinalizando-a como Ponto Turístico, destacando a importância da Ferrovia para o desenvolvimento da cidade nos materiais oficiais de turismo e realizar um projeto de iluminação da base para o alto, que certamente vai transformar os Pilares em um espaço também de contemplação noturna.
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Para consultar a localização exata dos “Pilares da Mogyana” no Google Earth, as coordenadas são: 21º47'46".63S e 46º35'28.59"O. O sítio fica no vale entre o bairro Jardim Novo Mundo e a PUC, com acesso pelo trevo próximo à universidade.
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Esse artigo foi enviado aos 12 vereadores da cidade, além do Poder Executivo, na figura de seus titulares e secretarias de Administração, Comunicação Social, Educação, Planejamento, Obras e Turismo e Cultura, bem como à mídia local.
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9 comentários:

  1. Caro caruso
    Vendo esta sua sugestão temos uma ídéia da força da comunicação, principalmente, no que se refere ao lado negativo (não sei se é a melhor palavra) das coisas.
    Uma sugestão como esta que merece (no mínimo) estudos por partes de todos que se interessam pelo desenvolvimento e cuidado com o patrimõnio da cidade, não tem, (infelizmente) a mesma repercussão que outras matérias cujo teor é mais "negativo".
    Somos todos melhores para criticar o que está errado e pouco produtivos quanto temos que analisar boas sugestões e boas notícias.Será que isto está nos pilares da nossa sociedade?
    Enfim, como sou parte do todo, acredito que possa falar em nome dos que se calam mas que acham como eu, que a sua sugestão é muito bem vinda. Parabens!Wiliam de oliveira

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  2. luiz de souza ribeiro filho14 de abril de 2010 às 11:12

    Caruso bom dia.
    Concordo plenamente quando se fala em preservar patrimônios ferroviários como neste caso. A conservação de bens ferroviários deveria ser levada mais a sério uma vez que é história do local e muitas vezes da região.
    Além dos pilares poderíamos incluir como patrimônios a serem preservados a estação da Mogiana(Fepasa), o "girador" e a caixa d'agua.
    Acho que pecaram em colocar uma porta de vidro na Estação uma vez que tirou a originalidade da construção.
    Alí, naquele espaço poderia ser feito um mini-museu ferroviário contando um pouco a história do "trem" que é riquíssima.
    Sou filho, neto, sobrinho e primo de ex-ferroviários; nascí em Bauru cidade que foi o maior entroncamento rodo-ferroviário da Amércia do Sul. Me orgulho por ter vivido no apogeu das ferrovias e é por isso que espero, sinceramente, que a estação, o girador não sejam demolidos para dar passagem a faixa de trânsito especial para os ônibus da familia Cançado !
    Abraço
    Luiz de Souza Ribeiro Filho
    Jd. Quissisana

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  3. Caruso,
    É uma pena que os tabuleiros da ponte tenham sido desmontados, mas as pilastras que restaram já são em si verdadeiras obras de arte da engenharia nacional.
    Apoio seu pleito de preservá-las e assim como o Instituto História do trem, entidade a qual presido. Poços de Caldas já perdeu muito de seu patrimônio ferrpviário e não podemos deixar que perca mais esse, até porque a cidade tem tudo a ganhar e nada a perder com sua preservação.
    Arqº. Denis W. Esteves
    Pres. Instituto História do Trem
    Ribeirão Preto - SP

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  4. A sorte é que esses pilares de pedra foram tão bem construídos que não cairão tão fácil. Se formos esperar por políticos, vamos cansar. A sociedade brasileira tem de se mobilizar sozinha sem esperar pelo apoio desses sanquessugas chamados políticos.

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  5. Olá, Rubens. Muito obrigado por compartilhar essa informação conosco. Moro no Triângulo Mineiro e também sou filho, neto e bisneto de ferroviários. Minha cidade era a última da linha-tronco da Mogiana. Infelizmente os pilares históricos daqui, de 1896 no rio Araguari (também em cantaria de pedra) foram submersos pela construção de uma usina particular. É claro que eram pilares bem menores e "menos velhos" que o de vocês.
    Eles me lembraram os pilares da famosa ponte ferroviária da "Jaguara", sobre o rio Grande, divisa entre MG/SP. Na época da construção (1888) era o maior viaduto do Brasil, em extensão. Também pertencia à Mogiana. Apesar de estar abandonado, ainda existe.

    Excelente a sua iniciativa e temos certeza de que a idéia será muito bem acatada por aqueles que têm em suas mãos a chance de salvar essas ruínas.
    Parabéns à cidade de Poços de Caldas, que terá maturidade suficiente para cuidar dos seus legados históricos.

    Glaucio Henrique Chaves

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  6. Alberto H Del Bianco27 de abril de 2010 às 11:38

    Caro Caruso

    Agradeço fazer parte deste trabalho de preservação. Conte comigo, pois, tambem sou um preservacionista.

    Abraços

    Alberto H Del Bianco

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  7. daniel Ribeiro Pinheiro27 de abril de 2010 às 11:48

    Oi Rubens. Já morei vizinho de você. - Águas da `rata. Fiquei bastante triste qdo. desativaram o ramal que liga as cidades. NÓs (eu tb. sou apaixonado por ferrovias e férreo modelismo. Achoo que devíamos pensar grande e fazer pressão sobre políticos para restaurarem o trem. Não é msis possível viver sem ele. Um abraço Daniel

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  8. Luiz Edson de Castro Filho28 de abril de 2010 às 11:06

    Caruso.
    É com grande alegria que vejo preocupação com a transmissão de valores para as futuras gerações.
    Nossa verdadeira riqueza está na passagem da cultura, história, CONHECIMENTO para nossos descendentes.
    Tive a honra de ser um dos avaliadores participantes do processo de desapropriação das casas que escondiam os "Arcos do Bexiga", aqui em São Paulo. Hoje, todos podem contemplá-los.
    Imagine a reconstituição de um tabuleiro (para pedestres) sobre as torres da Mogiana e a chegada de uma prova de pedestrianismo passando por ela !...
    Que as escolas de Engenharia elaborem projetos de cálculo de carga sobre os pilares (casos reais sempre interessam mais aos estudantes).
    Se fosse no exterior, as torres já estariam rendendo muitos euros (na Itália você caminha horas para chegar a um banco onde Dante teria escrito a Divina Comédia. E algumas vezes ainda paga caro por isso).
    Faço eco à sua manifestação.
    Parabéns !
    luizedson@lec-engenharia.com.br

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  9. Pena que no Brasil as autoridades só pensam em nos roubar. Nada fazem em favor da história e do patrimônio público...

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