Certas coisas na administração pública realmente parecem provocação. Há dois anos não se ouve outra coisa pelos lados da Francisco Salles que não seja "dificuldade financeira". Mas do discurso à realidade vai uma distância grande. Acompanhe.
CAVALOS FAMINTOS
Sabia o amigo leitor que é a Prefeitura (o Povo de Poços de Caldas) que paga, e bem, a alimentação dos cavalos da PM? Pois é. Edital publicado no sábado, 7 de agosto, diz: "Fornecimento de rações, fenos e sais minerais para os equinos da Polícia Militar". O edital informa o reajuste de 4,5% no contrato de compra, "passando o valor total estimado para R$ 95.995,20". O valor suficiente para a compra de mais de 330 cestas básicas, ao custo unitário atual de R$ 287,63, de acordo com o Procon-SP. O suficiente para abastecer 28 famílias durante um ano.
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BOMBEIROS EM OBRAS
Outro caso que também envolve um ente da administração estadual, e igualmente subsidiado pela Prefeitura. Também em 7 de agosto foi publicado um edital que aponta a contratação de empresa de engenharia, pelo valor de R$ 44.240,00, "para a execução de obras de reforma nas dependências da Companhia do Corpo de Bombeiros de Poços de Caldas. Ótimo, não fosse o fato de que nossa cidade enquadra-se na famigerada "Taxa pela Utilização Potencial do Serviço de Extinção de Incêndio", pomposo nome para a taxa de incêndio, que começou a ser cobrada em 2004 e é devida somente por contribuintes de classe não residencial, cuja arrecadação é destinada ao Corpo de Bombeiros, "com o objetivo de manter à disposição dos cidadãos uma corporação bem estruturada, treinada e dotada de equipamentos adequados para extinguir incêndios", de acordo com um site do governo mineiro. Por "bem estruturada" entende-se também "bem instalada". Assim, além da Taxa de Incêndio, vamos pagar o valor de uma Kombi zero km pela "reforma do quartel". Uma ambulância a menos.
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ÔNIBUS A R$ 2,65?
No mesmo 7 de agosto, sábado, foi publicada a "Planilha de Custos Devidamente Discriminada de Forma resumida de Transporte Coletivo de Passageiros do Município de Poços de Caldas". Números para cá, contas para lá, custo fixo, custo da frota reserva, pró-labore, custo por quilômetro e, ao final, grafado em negrito, a informação assustadora, devidamente discriminada de forma reduzida: "Valor da Tarifa R$ - 2,65". Em seguida, lê-se "Tarifa Aplicada (a partir do dia 15/12/2008) - R$ 2,00". Até onde minha vista alcança, de acordo com essa planilha, o valor da passagem deveria estar em R$ 2,65, e não os R$ 2,00 atuais. Ou a empresa está tendo muito prejuízo, ou alguém está bancando do bolso a diferença. Curioso.
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FÉ NA ANISTIA
A outra "surpresinha" está nos ornaius de hoje -mais um projeto de anistia de dívidas municipais. Desta vez, um vereador quer que entidades filantrópicas e templos religiosos com situação irregular em suas edificações e respectivos alvarás de funcionamento sejam absolvidas de seus "pecadilhos". O vereador Cavelagna, autor da ideia, alega que as multas impostas "são altas e a maioria não tem condições de se regularizar junto ao poder público". O caso iguala-se aos dos sujeitos que lavam parabrisas, camelôs que vendem óculos piratas e vendedores ambulantes de canetas -todos eles estão fazendo alguma "coisa boa", porém irregular. Principalmente templos religiosos devem dar exemplo de retidão de conduta e observação dos limites da lei. Ou não?
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BENÇÃO
Para encerrar o domingão de sol, uma ótima. O novo secretário de Defesa Social disse que pretende conversar com o prefeito e levá-lo à Rua Junqueiras para verificar alguns pontos problemáticos na conclusão das obras ali realizadas, como a questão da adoção de uma nova pista de rolagem. Disse o secretário: "vamos depender de uma definição do senhor prefeito". Ora, o secretário foi contratado pelo município para tomar decisões, e ganha para isso. Depois, trânsito é decisão técnica, de pura engenharia. Talvez esteja aí a fonte do problema -Poços transformou engenharia em política. Como diz um amigo meu, "banco não faz pão, padaria não troca cheque".
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Bom dia Caruso,
ResponderExcluirAlém da ração dos animais, dos reparos no Corpo de Bombeiros, tem também a compra de material de escritório para a mesma instituição,tem o aluguel da casa do Comandante da PM, do aluguel da casa do Comandante do Tiro de Guerra, do pagamento pelos serviços prestados do IEF e da Emater, além do pagamento do escritório desses dois orgãos... quer mais? Tem o combustivel nos carros da PM...
Veja quanto se recolhe em ICMS aqui em Poços e quanto retorna em bens e serviços do Estado? Uma miséria...
Precisamos mudar a relação Estado-Municipio. Chega.
Tem tb o combustível para algumas viaturas do presídio, tem também um convênio que foi feito entre prefeitura-estado para construção de mais celas e não foi cumprido.
ResponderExcluirQuerem ter o serviço e não querem pagar o custo... acho que não vai rolar ehehehe prefiro pagar tudo isso que salário para vereador...
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