domingo, 29 de agosto de 2010

FATO DA SEMANA

O Jornal de Poços de sexta-feira (27/8) publicou, na coluna Bastidores, notas sobre um caso seríssimo que, não fosse pela gravidade, poderia integrar o folclore da política nacional.

Diz a Coluna que o Jornal de Poços não fez parte da veiculação de uma campanha publicitária autorizada pela Câmara Municpal. Por conta disso, o veículo foi em busca de informações que justificassem a exclusão do jornal, e teria encontrado a resposta justamente na agência de propaganda Cervantes, que atende a conta da Câmara.

Em condições normais, espera-se qualquer resposta padronizada para esses casos: pouca verba, questões técnicas como tiragem do veículo ou prazo de fechamento da edição para entrega do material, entre outros chavões aos quais recorrem as agências de propaganda diante desse tipo de questionamento. Mas, de acordo com a Coluna, a causa teria sido uma reportagem publicada pelo jornal, uma longa entrevista com o advogado Paulo Podestá, que está à frente de uma Ação Popular contra pelo menos 40 réus, entre eles o Município de Poços de Caldas, a AESB -Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos- e nove vereadores dessa legislatura, incluindo o atual presidente daquela Casa. O objeto dessa ação é uma prestação de contas de verbas de um Carnaval recente.

Qualquer que seja a saída para o caso, o resultado deve ser muito ruim: se confirmada a retaliação, estaremos diante de um escândalo sem precedentes, com um Poder constitucionalmente eleito assumindo um conflito comercial com uma empresa privada, tendo como base uma entrevista jornalística; se confirmada a fala da agência, a situação piora, pois teria "colocado na fogueira" o cliente -a Câmara- junto a um veículo da importância do Jornal de Poços, que tem no comando um recém-empossado conselheiro do desverticalizado DME; se desmentida essa fala da agência, saia justa para a direção da agência -que, aliás, atende outras contas importantes da cidade, como o próprio DME- e vai ter de se desdobrar para tentar explicar o inexplicável: o Jornal inventou a história. 

Se mantida a tese -o que é duvidoso, já que nessas situações sempre surge a figura do "mal-entendido"- há no mínimo uma quebra do decoro que se espera daqueles que devem dar exemplos de cidadania, especialmente na delicada relação de Poder e Imprensa, sob pena se sacrificarmos o esforço de décadas pelo fim da censura. Toda forma de censura é triste, a econômica inclusive.

Enquanto aguarda-se posicionamento oficial da Câmara Municipal sobre o caso, o processo judicial que gerou a entrevista, e que tem valor de causa superior a R$ 1 milhão, pode ser consultado em:

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