CRIAÇÃO DE URUBUS: COMECE JÁ A SUA!

Observando as fotos acima você pode começar a entender como se forma um lixão clandestino. É simples: um porcalhão passa por ali, vê a área vazia, aparentemente sem dono, e logo se lembra que tem um "entulhinho" da reforma da casa incomodando no quintal. Pode ser também um grande empresário, dono de uma gráfica, quem sabe, que tinha um resto de papel refilado ou algumas capas de DVD que foram reprovadas no controle de qualidade. A forração da porta da combalida Kombi estragou? Foi parar lá! Ou muito, mas muito pior, uma mãe que não está nem aí para o futuro do planeta em que seu filho nasceu e vai passar toda a vida, que esteve por ali e descartou uma quantidade razoável de fraldas -bem "cheias", claro! O bichinho de estimação morreu? O que fazer com ele? Fácil, basta pegar o carro (pode ser bicicleta, moto-taxi ou outro meio compatível com o porte do bicho) e deixar o outrora grande companheiro cumprir seu papel na cadeia alimentar: virar comida de urubu. Como o urubu se alimenta de carniça (o ex-animalzinho, agora em estado de putrefação), não é difícil imaginar o cheiro que há no local.

Após receber a denúncia de uma moradora do bairro Jardim Europa, fiz o que todo jornalista deve fazer: apurar. Com minha inseparável câmera fui até o local. Infelizmente (para comprovar) foto não tem cheiro, mas se tivesse este blog agora estaria nojento. Então sugiro que você leitor ou leitora faça uma expedição ao ponto, precisamente uma futura avenida que vai ligar o bairro Santa Ângela ao Jardim Europa. Não sei se aquele lugar tem dono, mas se não tem é de todos. Há um péssimo hábito bastante difundido no Brasil que considera sem dono o que é público e, como aquilo está do mesmo jeito há anos, típica obra que nunca acaba, alguns "cidadãos" (entre aspas, pois não merecem a denominação justamente por não estarem aptos à vida em comunidade) fazem dali seus depósitos de lixo. Com um pouquinho mais de esforço o local vai virar um lixão, que vai crescendo, crescendo, e logo se tornará incontrolável. O mais intrigante é que a tal candidata à avenida serve de passagem para veículos da Prefeitura, cuja Garagem encontra-se a não mais que 1,5 km do local, mas parece que vale a regra do "não é da minha alçada". Como não?

Solução? Há, algumas e fáceis: fiscalizar -basta que a Prefeitura "assuma" a rota ou que a Polícia "suspeite" daquele surrado caminhão trafegando tarde da noite com a carroceria cheia de entulho; denunciar -basta que os cidadãos decentes denunciem à Prefeitura (SIAC - Serviço de Informação e Atendimento ao Cidadão, 0800 2869 100, que lamentavelmente só atende e recebe denúncias em dias úteis) ou à Polícia Militar (190). Se possível e for seguro faça uma foto do infrator, fácil nestes tempos de câmeras digitais, sempre que flagrar o "sugismundo" agindo; conscientizar -uma reportagem em forma de campanha educativa com a presença da tv e dos jornais locais mostrando a remoção do lixo (a assessoria de imprensa da Prefeitura tira isso de letra), mais algumas placas orientativas no local (algumas crianças fizeram plaquinhas e cartazes, mas os porcalhões ignoraram). São ações de investimento zero, mas dependem da boa vontade permanente da administração pública em todos os seus níveis, afinal o servidor também é prejudicado pelo lixo depositado em local indevido.

Por enquanto o lixão ainda é nanico, mas se descuidarmos -eu, você, a administração pública- junto a um dos bairros mais nobres de Poços de Caldas (sem preconceitos, pois não há bairro rico ou pobre que mereça ser transformado em lixão), teremos um sensacional criadouro de robustos e bem nutridos urubus! É bom lembrar que semana que vem 28 a 30 de maio) vai acontecer aqui em Poços o V Congresso nacional de Meio Ambiente...

Atualizando: em 21/05 enviei email ao Secretário Municipal de Serviços Urbanos, Sr. Sérgio Luis Krzizanski, que ainda não respondeu. O depósito irregular de lixo continuava no local até 29/05.