domingo, 4 de janeiro de 2009

DANDO SANGUE

Interessante acompanhar os discursos e entrevistas dos eleitos em Poços de Caldas, após diplomados e empossados. Invariavelmente falam de honestidade, austeridade ou trabalho incansável, como se fosse meritória a prática destes comportamentos nada mais que obrigatórios. Trágico seria se falassem o contrário. Já pensou? O sujeito sobe numa tribuna ou fala num microfone: "Eu? Trabalhar? De jeito nenhum! Agora que fui eleito não vou fazer mais nada! E no decorrer deste ócio ainda vou aproveitar para roubar e torrar o dinheiro do povo!" Não duraria muito no cargo.

Todas as falas que ouvi sempre estiveram carregadas do discurso bem-intencionado, jurando que querem o melhor para a cidade e vão se desdobrar para que Poços continue evoluindo, que tenha mais saúde, educação, aquelas coisas de sempre.

Por conta disso algumas coisas passam por meu ingênuo cérebro: será que todos os veredores eleitos precisam do salário de R$ 7,3 mil para viver? Alguns sim, vão mudar de patamar social, já que é um salário considerável -quantos habitantes da cidade ganham R$ 7,3 mil por mês? Outros não, o salário não faz a menor diferença, e poderiam abrir mão desta "graninha" em nome do "altruístico" trabalho que prestam à cidade.

Em comum há o fato de que quase todos os vereadores eleitos têm atividades extra-política, e portanto não serão vereadores em tempo integral, mas cuidarão de suas empresas, escritórios ou outras profissões. Na verdade "estarão" vereadores parte do tempo. E não adianta a conversa de que "atendem as bases" ou recebem populares em casa. Quem não precisa do salário poderia abrir mão e trabalhar apenas "pelo bem da cidade", como pregam todos. O que motiva uma pessoa à vida política? No meu modesto entender, três coisas: 1-trabalhar por um grupo, comunidade, região, objetivo social; 2-dinheiro; 3-poder. Ou todos juntos.

Mais complicada ainda é a situação nas secretarias. A função de secretário definitivamente exige dedicação integral, e a cidade tem problemas colossais em determinadas áreas como infra-estrutura, habitação ou saúde. Para tanto justifica-se a existência de "secretários-adjuntos", que penso o prefeito eleito criou ou manteve muito mais para acomodar necessidades e exigências de primeiro-mandato, que não pesarão tanto daqui quatro anos, se Paulinho fizer (e acho que vai fazer) uma ótima gestão. Penso que o prefeito perdeu -não por vontade, mas por necessidade- uma enorme chance de enxugar de verdade a máquina administrativa. Ao contrário, teve que "engordar" cargos.

Também a manutenção de muitos integrantes do antigo secretariado é uma sinuca, já que implica em entender que a gestão passada, da qual Paulinho foi vice, foi uma maravilha. Não foi. Indicadores para tanto não faltam: basta ver quantos votos o derrotado PT teve, mais a renovação imposta ao legislativo nas urnas. Maioria não é unanimidade.

Por fim uma sugestão ao eleito presidente da Câmara: vender aquele platinado Honda Civic da presidência. Além de desnecessário, o vereador Marcus Togni definitivamente não precisa de "carro-oficial". Nem ele nem qualquer vereador. Se a Câmara precisa de um veículo chapa-branca, que seja algo mais modesto. Um Gol vai bem. Pode até ser com condicionador de ar. Mirem-se no exemplo do prefeito e seu Dobló: usar o próprio carro é bom e ninguém pode dizer que é demagogia. É apenas austeridade.
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