sábado, 30 de maio de 2009

ERA ATÔMICA

A caixa d´água "futurística" do laboratório da CNEN -Comissão Nacional de Energia Nuclear, em Poços de Caldas, remete a um divertido desenho dos Jetsons. Mas esta semana o assunto "radiotivo" voltou à mídia na cidade, com a questão da torianita.
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De acordo com o que foi publicado no jornal Folha de São Paulo, em 27.12.2008, percebe-se que o assunto é bastante sério. Da reportagem, repetida no site do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia do Governo do Estado de São Paulo, associada à USP e gerenciada pela CNEN), é possível extrair algumas informações importantes, e que precisam ser detalhadas à população, para evitar especulações e uso "eleitoreiro" do assunto. Confira:
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-A extração e o comércio ilegais de torianita -minério radioativo que contém urânio, tório e um tipo de chumbo usado na montagem de reatores nucleares e bombas de nêutrons- estão correndo livremente no extremo norte do país há tempos.
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-De acordo com a Polícia Federal, a torianita é negociada na rede clandestina por até US$ 300 o quilo.
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-Desde fevereiro, quando apreendeu cerca de 1,1 tonelada do minério, a PF não faz mais apreensões. O minério, escuro e com densidade alta (um copo de 250 ml de torianita pesa 2,5 kg), é encontrado nas margens de um afluente do rio Araguari, na região central do Amapá. A PF teve de recorrer à Justiça para que a CNEN enviasse técnicos ao Estado para retirar o material e levá-lo a um laboratório do órgão em Poços de Caldas (MG).
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-O chefe do laboratório da CNEN em Poços de Caldas (MG), Antônio Luís Quinelato, diz que é insustentável a política de ir buscar no Amapá a torianita toda vez em que ocorrerem apreensões. Ele afirma que as operações demandam a solicitação de avião da FAB (Força Aérea Brasileira) e o envio de pessoal técnico para o Estado.
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-A CNEN também enfrenta resistência em Poços de Caldas para receber o minério. A ida da torianita do Amapá para a cidade foi alvo de protestos na Câmara Municipal da cidade e reportagens na imprensa local.
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-Sobre eventuais riscos à saúde humana decorrente da exposição à torianita, a CNEN diz que o nível de radioatividade do minério na natureza é baixo, mas passa do nível seguro quando acumulado em grandes quantidades sem o armazenamento adequado.
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Portanto, é hora de uma discussão séria sobre o assunto, longe dos palanques e dos holofotes, envolvendo a sociedade e os órgãos competentes, antes que alguém faça uma lei inócua "proibindo" depósitos de material nuclear na cidade, tal como fizeram com a "proibição de presídios".
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A palavra está com a CNEN. Temos que acreditar na seriedade do órgão, mas não basta serem sérios. Precisam mostrar à população esta seriedade.
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Atualizando: O chefe do laboratório da CNEN em Poços de Caldas, Antônio Luís Quinelato, mostrou seriedade. Chamou a imprensa para uma coletiva em 1/6 e explicou o que está acontecendo. Ponderado, contou que não está acontecendo nada: a torianita está aqui para pesquisas. Melhor assim. Parabéns ao Engenheiro Quinelato. Deu aula sobre como se trata um assunto importante como esse.
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