PAÇO (CA) MUNICIPAL

A nova "discussão oficial" de Poços de Caldas atende pelo nome de Paço Municipal. De um lado, o prefeito Paulo César Silva, lenço em punho, tentando conter as lágrimas correntes e decorrentes da crise diante do funcionalismo de boné na mão; no outro córner, o presidente da Câmara, vereador Marcus Togni, batendo as luvas, olhos de tigre num projeto de Niemeyer para a entidade que ora preside. No centro do ringue está a decisão sobre o melhor local para o Paço, e, nas cordas, o futuro Centro de Convenções.

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Somente a administração municipal ocupa pelo menos sete espaços diferentes (Francisco Salles, Complexo Santa Cruz, Rua Minas Gerais, Country Club, Thermas, Jardim dos Estados, Rua Junqueiras), sem contar DME (Rua Pernambuco) e DMAE (Rua São Paulo). Imagine uma empresa cuja diretoria fica num lugar, o departamento de compras noutro, o financeiro num terceiro local, o estoque em outro bairro, os vendedores fora da cidade. Não vai funcionar. Assim está a administração hoje. Concordo que há mesmo a necessidade de unificar a estrutura num só local, mas saiba que vai ser uma obra colossal, porque ainda estariam no mesmo espaço a Câmara Municipal, órgãos da Justiça e outras entidades. Valor do empreendimento? Ninguém falou ainda. Segredo.

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Unificar é bom. Mas não acredito que a saída desses e outros órgãos oficiais resolvam o problema (ainda pequeno) de trânsito no centro da cidade. Ajuda um pouco mas não resolve. No mundo todo, "centro" não é lugar para ir de carro, mas de fácil acesso por transporte público. Caso os automóveis sejam permitidos, devem se enquadrar numa estrutura que priorize o coletivo: estacionamento limitadíssimo nas ruas, calçadões para pedestres, lado direito reservado às paradas de ônibus ou farmácias.

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Há anos transparece no assunto enorme letargia, como se não houvesse uma única autoridade capaz de se dedicar ao assunto. Vamos ter que contratar um "Niemeyer do trânsito", um Scaringella para vir aqui e nos mostrar o que temos capacidade de enxergar? Acho que não, se bem que para o DME tivemos que buscar nativos de outras paragens. Basta dedicação. Pelo tom que algumas autoridades adotam, tenho a impressão de que milhares de cidadãos visitam diariamente todos os setores da prefeitura -e de carro, o que não é verdade.

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Definido o assunto "Paço", sobrará a questão do Centro de Convenções: tem (não é "pode ser") que ser em local de fácil acesso, com infraestrutura de alimentação e lazer próxima. Esqueça aeroporto ou rodoviária: estacionamento bastante amplo para receber dezenas de ônibus simultaneamente é o padrão no mundo todo. Quem quiser vir de carro é benvindo, de avião só "executivo top", meia dúzia. Minha opinião? Zona oeste: está na rota de São Paulo, maior ponto de partida para o turismo de eventos. Não precisamos de outros motivos.

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Desde o início do mandato do novo prefeito (que já não é assim tão novo -nem ele, nem o mandato) a maioria dos assuntos relevantes foram objeto de polêmicas impressionantes: carnaval e o tal do corredor do axé, cuja prestação de contas ninguém viu; o local do novo presídio, que andou na ZL mas ficou (até agora) na ZS; o Paço Municipal, cuja área "desapropriada" (comprada) não se sabe se passa no "exame ambiental"; um Centro de Convenções sem local definido; o despejo da Secretaria de Turismo de um prédio histórico para outro. Polêmicas que parecem "discussão democrática", mas definitivamente não são.

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Vai chegar a hora em que o prefeito vai ter que resolver: bom de serviço ou bom de coração? No lugar dele eu fugiria do desfibrilador. Bom de serviço já basta.

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