segunda-feira, 20 de julho de 2009

FECHADO PARA BALANÇO

O deputado federal Geraldo Thadeu concedeu entrevista exclusiva ao Jornal de Poços, edição de domingo. Ocupando uma página, a entrevista, sinceramente, me decepcionou. Esperava mais dele.
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Já no título, um susto: “Geraldo Thadeu faz balanço positivo da Câmara dos Deputados”, sobre o primeiro semestre de 2009. Ele afirma que “tivemos uma avalanche de denúncias contra a Câmara dos Deputados, a vários deputados, a questão das passagens aéreas e de verbas indenizatórias, e isso desgatou muito, complicando o trabalho”. O próprio deputado acabou envolvido na denúncia, com seu nome aparecendo na lista como fornecedor de oito bilhetes aéreos, de acordo com o site “Congresso em Foco”., cuja informação pode ser conferida em: http://congressoemfoco.ig.com.br/ .
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Da crise econômica, o deputado disse que “dentro do contexto mundial a crise brasileira é considerada leve. É preocupante, mas eu vejo que o saldo é razoável porque o Brasil praticamente tem uma estabilidade econômica que foi conseguida com muito sacrifício pelo povo brasileiro anteriormente”. O nobre deputado há de permitir que eu discorde: a conta de todos os sacrifícios sempre foi do povo, é verdade, mas estabilidade econômica com milhares de desempregos e as oscilações que a Bolsa de Valores teve demonstram que somos sim reféns da economia –e da crise- mundial. Que não foi a "marolinha" do presidente Lula.
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Sobre Poços de Caldas, o deputado enfatizou a importância do gasoduto: "com a chegada do gasoduto, que é o maior atrativo das novas indústrias, a cidade já tem protocolo de intenções para a instalação de três grandes indústrias aqui”. Também não é assim tão simples. O que define a instalação de um empreendimento industrial de porte não é apenas o gás, mas toda a matriz energética disponível, e, principalmente, os incentivos fiscais estaduais, além da questão logística (acesso rodoviário, por exemplo), entre outros. Ainda sobre o gasoduto, o deputado afirma que “foi o maior investimento no sul de Minas, foram R$ 150 bilhões”, mas vou atribuir a informação a um errinho de digitação, pois na verdade o valor anunciado é de R$ 150 milhões. O que pouco se fala é que o gás do gasoduto vem da Bolívia, e depender do humor de Evo Morales é um risco que as empresas enxergam.
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No final da entrevista, Geraldo Thadeu fala sobre seu grupo político: “O mais importante para nós aqui em Poços é a nossa união política, que vem de muitos anos. É um grupo muito forte, essa união inclui os nossos partidos e base, a liderança do ex-prefeito Navarro, do atual prefeito Paulinho Courominas, do deputado Carlos Mosconi e minha”. Mais adiante, a fala que considero a mais interessante de toda a entrevista: “Esse grupo político é importante e enquanto unido só conquista coisas boas, quando ele desuniu no ano passado, todos perderam”.
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Este sim é um assunto que a imprensa local poderia trabalhar: que "desunião" foi essa? Quem e o quê perderam?
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