Saiu ontem (15/8) nos jornais a "explicação" da Câmara Municipal sobre a confusão provocada pelo envio de um ofício ao secretário estadual de saúde, questionando a viabilidade de se investir em Poços de Caldas cerca de R$ 10 milhões na implantação de um centro de especialidades oncológicas (confira o post "Câmara Ardente" publicado aqui no Viva Poços! em 11/8). Melhor não tivessem feito.
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Antes do ofício propriamente dito, há um arrazoado que merece leitura atenta e que já começa mal quando diz que "Diante das especulações de toda a imprensa local sobre o ofício encaminhado pelos vereadores...".
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Especulações? Especulações são "chutes", e bons jornalistas como há em Poços não "especulam", mas praticam seriamente o lado "noticioso" da profissão. Não vi qualquer especulação sobre o caso, mas a publicação de fatos que efetivamente aconteceram, como o envio de um ofício assinado por oito dos nossos 12 vereadores, dos quais a metade se arrependeu em seguida, optando por encaminhar novo ofício retirando as assinaturas.
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Ainda na exposição de razões que a própria razão desconhece, segue: "Em nenhum momento os vereadores afirmaram serem contra a construção de um centro especializado". É justo. Ninguém em pleno gozo de mínimas faculdades mentais faria isso. Mas não é preciso dizer "sou contra", basta fazer como uma vereadora, que disse: "A nossa preocupação e indagação é se há a necessidade de se construir um hospital de câncer".
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A seguir, a exposição de motivos diz que "no município existem milhares de pessoas à espera de operações de catarata, vasectomia, laqueadura, dentre outras, que são tão necessárias quanto ao (sic) trabalho oncológico". A frase é de difícil compreensão, mas parece que quiseram dizer que uma vasectomia é tão importante quanto um tratamento de câncer. Tomara eu esteja enganado.
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Ao final, a chave de ouro: "Os vereadores deixaram claro no ofício que, caso seja detectada a necessidade de um Hospital desse porte, a Secretaria de Estado da Saúde contará com o apoio do Poder Legislativo de Poços de Caldas". E ainda dizem que a imprensa especulou no assunto. Os vereadores jogam por terra todo trabalho de pesquisa que um projeto desses demanda, mais os esforços dos médicos que lutam para que os pacientes de câncer não tenham que, por exemplo, se deslocar em viagem após uma penosa sessão de quimioterapia. Desconsideram também o brutal empenho do deputado Carlos Mosconi junto ao governo do estado para a liberação da verba.
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Já o ofício propriamente dito solicita ao secretário estadual "os bons ofícios de Vossa Excelência no sentido de proceder novos estudos tornando-se imperiosa e inadiável uma reavaliação de critérios e, se possível, o estabelecimento de uma ampla discussão (...) para uma aplicação mais racional desse importante recurso, atendendo assim as necessidades reais da população de Poços de Caldas" e, por fim, o que para mim é o que há de mais especial e tocante no tal ofício: "Acreditamos que todos os investimentos, principalmente de grande monta como esse, deve sempre ser precedido de um estudo técnico especializado, viabilidade operacional e de manutenção, e do custo benefício do projeto. Tenha certeza que, se após realizado esse importante estudo, com documentação comprobatória, e após discussão com toda a sociedade constituída, e a conclusão técnica for da necessidade de um Hospital Oncológico em nossa cidade, contará com nosso apoio". Emendo: Secretário, vamos, prove que precisamos!
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Agora sim, vou especular para valer: sugiro ao leitor que troque, no parágrafo acima, a expressão "Hospital Oncológico" por "nova Câmara Municipal com projeto de Niemeyer" e veja se não faz sentido. Ou seja, para recebermos um investimento estadual de R$ 10 milhões (é dado, não é emprestado para pagar depois) num hospital, clínica, centro, ambulatório, seja qual for o nome, nossos vereadores "pedem" tudo aquilo, querem ver dados técnicos. Deviam usar a mesma medida para um projeto de maior valor como o "nosso Niemeyer". Incluindo, claro, a discussão com a sociedade. Toda a sociedade, não apenas aqueles que receberam um mandato.
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O secretário estadual é um homem sensato, mas como poderá ele considerar seriamente um documento que sequer expressa a vontade da maioria dos vereadores, uma vez que somente quatro dos nossos valorosos edis mantiveram seus autógrafos- e que ainda por cima questiona a profundidade dos estudos que sua pasta fez para um investimento dessa magnitude?
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Fortes emoções devem esquentar a próxima semana. E aposto -sem especulações- que a séria imprensa de Poços de Caldas vai estar atenta. As famílias das crianças que fazem tratamento oncológico fora de Poços de Caldas também.
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Antes do ofício propriamente dito, há um arrazoado que merece leitura atenta e que já começa mal quando diz que "Diante das especulações de toda a imprensa local sobre o ofício encaminhado pelos vereadores...".
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Especulações? Especulações são "chutes", e bons jornalistas como há em Poços não "especulam", mas praticam seriamente o lado "noticioso" da profissão. Não vi qualquer especulação sobre o caso, mas a publicação de fatos que efetivamente aconteceram, como o envio de um ofício assinado por oito dos nossos 12 vereadores, dos quais a metade se arrependeu em seguida, optando por encaminhar novo ofício retirando as assinaturas.
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Ainda na exposição de razões que a própria razão desconhece, segue: "Em nenhum momento os vereadores afirmaram serem contra a construção de um centro especializado". É justo. Ninguém em pleno gozo de mínimas faculdades mentais faria isso. Mas não é preciso dizer "sou contra", basta fazer como uma vereadora, que disse: "A nossa preocupação e indagação é se há a necessidade de se construir um hospital de câncer".
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A seguir, a exposição de motivos diz que "no município existem milhares de pessoas à espera de operações de catarata, vasectomia, laqueadura, dentre outras, que são tão necessárias quanto ao (sic) trabalho oncológico". A frase é de difícil compreensão, mas parece que quiseram dizer que uma vasectomia é tão importante quanto um tratamento de câncer. Tomara eu esteja enganado.
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Ao final, a chave de ouro: "Os vereadores deixaram claro no ofício que, caso seja detectada a necessidade de um Hospital desse porte, a Secretaria de Estado da Saúde contará com o apoio do Poder Legislativo de Poços de Caldas". E ainda dizem que a imprensa especulou no assunto. Os vereadores jogam por terra todo trabalho de pesquisa que um projeto desses demanda, mais os esforços dos médicos que lutam para que os pacientes de câncer não tenham que, por exemplo, se deslocar em viagem após uma penosa sessão de quimioterapia. Desconsideram também o brutal empenho do deputado Carlos Mosconi junto ao governo do estado para a liberação da verba.
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Já o ofício propriamente dito solicita ao secretário estadual "os bons ofícios de Vossa Excelência no sentido de proceder novos estudos tornando-se imperiosa e inadiável uma reavaliação de critérios e, se possível, o estabelecimento de uma ampla discussão (...) para uma aplicação mais racional desse importante recurso, atendendo assim as necessidades reais da população de Poços de Caldas" e, por fim, o que para mim é o que há de mais especial e tocante no tal ofício: "Acreditamos que todos os investimentos, principalmente de grande monta como esse, deve sempre ser precedido de um estudo técnico especializado, viabilidade operacional e de manutenção, e do custo benefício do projeto. Tenha certeza que, se após realizado esse importante estudo, com documentação comprobatória, e após discussão com toda a sociedade constituída, e a conclusão técnica for da necessidade de um Hospital Oncológico em nossa cidade, contará com nosso apoio". Emendo: Secretário, vamos, prove que precisamos!
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Agora sim, vou especular para valer: sugiro ao leitor que troque, no parágrafo acima, a expressão "Hospital Oncológico" por "nova Câmara Municipal com projeto de Niemeyer" e veja se não faz sentido. Ou seja, para recebermos um investimento estadual de R$ 10 milhões (é dado, não é emprestado para pagar depois) num hospital, clínica, centro, ambulatório, seja qual for o nome, nossos vereadores "pedem" tudo aquilo, querem ver dados técnicos. Deviam usar a mesma medida para um projeto de maior valor como o "nosso Niemeyer". Incluindo, claro, a discussão com a sociedade. Toda a sociedade, não apenas aqueles que receberam um mandato.
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O secretário estadual é um homem sensato, mas como poderá ele considerar seriamente um documento que sequer expressa a vontade da maioria dos vereadores, uma vez que somente quatro dos nossos valorosos edis mantiveram seus autógrafos- e que ainda por cima questiona a profundidade dos estudos que sua pasta fez para um investimento dessa magnitude?
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Fortes emoções devem esquentar a próxima semana. E aposto -sem especulações- que a séria imprensa de Poços de Caldas vai estar atenta. As famílias das crianças que fazem tratamento oncológico fora de Poços de Caldas também.
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A população de Poços tem que saber que existe "impeachment" para vereadores, é possível e é legal. Alguns vereadores de já estão merecendo, dada à sua conduta contra a vontade do povo.
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