Enquanto aqui em Poços nos engalfinhávamos em inúteis discussões sobre a obra completa de Eduardo Costa, cantor new-romântico-sertanejo-universitário, contratado a peso de ouro mediante inexegibilidade de licitação, graças ao vasto reconhecimento que disseram ter no meio musical (confesso que a melhor referência que ouvi sobre ele foi "um imitador do Zezé di Camargo, sem o Luciano"), nossa quase vizinha Três Pontas estava se preparando para a realização de um evento memorável: o "Festival Música do Mundo".
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A chamada não é menos modesta que o nome do festival -"mais que um encontro histórico, uma travessia musical". Adjetivos justos para um evento que reunirá, entre 10 e 13 de setembro, lendas como Milton Nascimento, Wagner Tiso, Rita Lee, Ivan Lins e Tom Zé, além de Wilson Sideral, o Conservatório Heitor Villa-Lobos e outras muitas atrações, com patrocinadores como a Cemig, o Governo de Minas e a Yamaha, que promoverá uma "oficina lúdica" com instrumentos musicais para crianças, tudo devidamente amparado pela legislação federal de incentivo à cultura.
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O Festival conta ainda com um bem produzido site, o http://www.festivalmusicadomundo.com.br/ , outro "baile" sobre a divulgação da nossa Festa Uai, cujas informações, ainda disponíveis no site da prefeitura de Poços, dois dias após o final do evento, vieram na forma de um arquivo PDF "marreta", quase uma planilha de excel, contando inclusive com o seguinte pedido: "Prestigie a Expo-Poços: As melhores empresas de Poços e região reunidas no Ginásio Poliesportivo". A tal "expo-posição" sequer ocorreu, mas a chamada ficou lá a semana toda! Nossa lacrimejante secretária de turismo deveria ter deixado a choradeira de lado na Festa Uai e atentado para "pequenos detalhes" como esse, que comprometem a qualidade da informação.
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Na mesma semana da Festa Uai, outra quase vizinha, a pequena cidade de Tiradentes, com pouco mais de seis mil habitantes, também não deixou por menos e realizou seu "Festival Gastronômico", levando para lá cerca de 15 mil turistas somente no primeiro final de semana do evento, que puderam, inclusive, participar do "Fórum de Sabores e Cultura, espaço para reflexão sobre temas da gastronomia, com debates e palestras", conforme reportagens sobre o festival, que destacam ainda que "Festins, tour gastrônomico, cursos, palestras, degustações, shows, teatro e dança, fazem parte do evento. Ponto alto do Circuito, os festins são os jantares especiais preparados nos mais belos lugares da ciadade pelos principais chefs do Brasil e do mundo", muitos deles "estrelados" no referencial Guia Michelin.
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É ou não é passada a hora de repensar o turismo, os eventos, as atrações não naturais de Poços de Caldas? Ou vamos continuar nos arriscando em apressados abadás e clones sertanejos, enquanto nossas irmãs menores nos ensinam o que é um evento de padrão internacional? Passou o tempo de fazer as coisas na "raça". É hora de planejamento, antecipando o "fazejamento", como diz um amigo do Viva Poços!. E deixar de dar missões da envergadura de uma Festa Uai somente a quase sempre bem-intencionados cidadãos e autoridades, abandonando de vez o provincianismo, de modo a inserir definitivamente Poços de Caldas no calendário nacional (ou global?) de eventos importantes.
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A outra alternativa é apelar para um daqueles rituais antigos que víamos nos filmes, sacrificando uma virgem, jogando-a na boca do vulcão em erupção, pedindo aos deuses do magma um pouco mais de sorte na vida. Acho que não. Conhecimento e habilidade bastam. E nosso vulcão nem está em atividade.
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Sem dúvida está na hora de parar com amadorismo e pensar, planejar e executar atividades turistico/culturais de alto nível. Que sejam poucos os eventos ao longo do ano, mas que sejam de QUALIDADE e marquem positivamente a vida da cidade e de todos os visitantes.
ResponderExcluirHá, e esta semana terá três sinfonias, que maravilha, que criatividade, não percam, os maiores astros e estrelas são do colarinho branco.
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