sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A LENDA DO JACARÉ

Sempre gostei muito de motores. Carros, motos, caminhões, autoramas e mais uma infinidade de máquinas sempre me provocaram. Esse gosto me levou a estudar mecânica e mais tarde fundar, junto com meu irmão, uma editora que publica revistas de automóveis desde 1995, tendo editado também, até o ano 2000, uma revista de motocicletas.
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Quando tinha uns 14 ou 15 anos sabia tudo sobre motos -sonhava com uma 750 "cilindradas", mas não podia ter (nem meus pais deixariam...) sequer uma cinquentinha. Conhecia carros pelo som do motor, sabia a especificação de cada modelo nacional bem como os catálogos de cores de cada fábrica. No mundo das corridas, cada equipe e pilotos, tudo fazia parte dos papos e sonhos da minha turma.
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Naquele tempo, um apelido já era lenda quando o assunto era motos: o "Jacaré", na verdade Carlos Alberto Pavan. Nascido em 1952, Jacaré começou a se destacar sobre duas rodas ainda garoto, com 16 anos, fazendo "tomadas de tempo" no bairro em que morava, com motos de amigos. Sempre muito veloz, invariavelmente acabava destruindo as motos em acidentes. Logo compraria sua primeira moto, fruto do trabalho como mecânico, essa também liquidada em um acidente.
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Aos 20 anos, Jacaré partiu para a carreira natural de piloto de corridas, obtendo sua primeira vitória já em 1973. No ano seguinte, conquista um honroso quinto lugar na famosa "Taça Centauro", atrás de pilotos importantes como Adú Celso, Tucano ou Denísio Casarini. Também ganhou a 500 Milhas de Interlagos, além do Campeonato Paulista, com quebra do recorde em Interlagos.
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Todo o sucesso nas pistas não modificou o jeito moleque de Jacaré, que continuava "aprontando" nas ruas, com empinadas, curvas raspando as pedaleiras, rachas no trânsito, atitudes que custariam caro mais tarde. Com boas chances de se tornar campeão brasileiro, Jacaré sofre um grave acidente no Minhocão, em São Paulo, e fica fora da disputa.
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Depois de longa e penosa recuperação, o piloto consegue uma moto emprestada para correr as 200 Milhas de 1975, mas duas semanas antes da prova sofre novo acidente e fratura a clavícula. Compete mesmo assim e ganha a prova na categoria Esporte.
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Prometendo mudar após esse feito, Jacaré não se conteve e cometeu a derradeira maluquice, disputando um racha na madrugada de 23 de agosto de 1975, em plena Avenida Cidade Jardim, na capital paulista: com uma Honda 750, acabou batendo em um carro, encerrando a vida fazendo o que todo grande piloto gosta de fazer -pilotar. Infelizmente, de maneira irresponsável. Nascia então o mito. Nada menos que 2 mil motocicletas acompanharam o cortejo de Jacaré.
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Para quem não sabe ou não lembra, Jacaré nasceu em Poços de Caldas.
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Fonte: www.motoclassicas70.com.br
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Um comentário:

  1. Jacaré.(Carlos Pavan)Me lembro muito bem dele,éramos conhecidos.Também sou de Poços de Caldas e na época eu trabalhava em São Paulo,em uma fábrica de luminosos na Rua Tabapuã(Itaim Bibi),próximo do local do acidente.Neste dia estávamos em um bar defronte o Shopping Iguatemi,onde se reuniam os motociclistas da época(eu tinha uma YAMAHA R5-350/1972)Era só badalação.Todo mundo conhecia o Jacaré pelas suas loucuras no trânsito.Quando ficamos sabendo do acidente, muita gente foi para o local.Infelismente Jacaré morreu naquele dia,interrompendo talvez uma grande carreira.

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