Se tem um assunto irritante são as tais "leis que não pegaram". Em geral, esse discurso vem das mais altas autoridades, provando-se incompetentes para fazer cumprir as leis que elas mesmas criam, votam e aprovam. Tratam sempre o assunto na terceira pessoa, como se não fosse problema de sua alçada. A culpa é dos outros.
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Em 7/12/09 a Municipalidade publicou nota amplamente reproduzida pela imprensa local, informando que "veículos utilizados para propaganda volante com sistema de som fora dos padrões permitidos por lei estão na mira da Secretaria de Serviços Públicos e terão que se enquadrar, ainda neste ano, às normas determinadas pela legislação municipal", destacando que “nossa intenção não é impedir que as pessoas ganhem o sustento da família, mas não podemos permitir exageros”. A nota trouxe ainda a informação de que "fiscais de postura da Secretaria de Serviços Públicos e do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Planejamento realizaram ação conjunta na área central para identificar irregularidades no uso comercial de equipamentos sonoros".
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Ótimo. Só não soltei fogos por razões óbvias. Mas nada como um dia após o outro para que o rigor público acabe na velocidade do som. Ontem (08/01) fui almoçar no centro e meus ouvidos foram brindados com a propaganda que vinha de um desses carros. Qual é o grau de perturbação que um lixo de comunicação como essa representa? Muito simples, e nem é preciso um decibelímetro: bastou eu ter que interromper uma conversa, já que meu interlocutor não conseguia entender minhas palavras. E olha que, como bom descendente de italianos, não sou exatamente um "fala mansa".
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Outro ponto: esse discurso de quem faz as coisas mal feitas ou erradas justificar com "estou trabalhando honestamente" ou "poderia estar roubando" está esgotado. Essa forma de poluição sonora travestida de propaganda (indesejada e obrigatória, já que dela não se escapa) é nefasta, ainda mais numa cidade em que turistas buscam sossego. Aí, se vão prestigiar o comércio da Rua Assis, por exemplo, são forçados ao "massacre auditivo".
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A Municipalidade agiu com rigor naquele caso do painel eletrônico da mesma rua, e deve ter o mesmo rigor com essa fantástica fábrica de poluição sonora que permeia o centro e alguns bairros. Que não é gerida por coitadinhos ou miseráveis -não sei de ninguém que ganhou carro com sistema de som de presente. Nem combustível. São quase sempre empresas constituídas.
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Para finalizar, adoto a regra de não comprar ou consumir de quem contamina meus ouvidos. Sou "cliente perdido". O pior é que entre um anúncio e outro do carro de som que citei acima, a música de fundo, na voz de Ivete Sangalo, esgoelava: "Quando eu te pegar você vai ver, você vai ver".
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Pegou mesmo. Lá no fundo dos meus tímpanos. Mas meu dinheiro esses comerciantes-anunciantes não pegam!
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Foto: ótima imagem feita pelo amigo Albert Cagnani, no centro de Poços. É o exato momento do encontro de um ouvido cansado com um desses carros de som. Clique nela para ampliá-la.
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Belo artigo e justa critica.
ResponderExcluirO centro esta inospito, e apesar da elogiavel providencia recente da Secretaria precisamos de mais rigor na fiscalizacao, menos tolerancia e tambem de uma "Pocos limpa" por parte dos legisladores para eliminar de vez esse tipo de publicidade de pessimo gosto e qualidade
Existem meios mais eticos e agradaveis de se fazer publicidade.
Esse tipo de propaganda é proibida em diversas cidades. É uma afronta aos ouvidos dos cidadão e dos turistas. Não pode haver exceção. Tem que ser proibida e pronto!
ResponderExcluirExcelente foto para ilustrar um ótimo post.