Trabalhei durante três anos na área de marketing de uma empresa multinacional japonesa, do setor eletroeletrônico. Conviver com os orientais resultou num apanhado quase diário de experiências interessantes, e uma delas relato a seguir.
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O presidente da empresa, o Sr. Y., era um desses personagens emblemáticos, figura quase sempre de expressão sisuda, de aspecto conservador. Como a maioria dos japoneses que ocupavam cargos executivos na empresa, ele também tinha "prazo de validade", como dizíamos sobre os que aqui desembarcavam com tempo determinado de trabalho.
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Entre as muitas atribuições de "Y-San", duas eram especialmente importantes e acabaram integrando o folclore da empresa: a séria era assinar o planejamento quinquenal, que atualizávamos todos os anos; a seríssima era definir quais seriam as fotos que figurariam no tradicional calendário que a empresa publicava todo final de ano. O importante plano estratégico da empresa era aprovado quase imediatamente. Já a escolha das fotos demandava uma série de reuniões ao longo de meses, formação de um comitê e a proposição de pelo menos três temas diferentes -quase sempre eram cenas brasileiras, ou internacionais, ou imagens do Japão. Nos três anos que lá fiquei deu Monte Fuji na capa. Antes e depois também.
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Recordei essa história ao ler, nos jornais locais, que o chefe do executivo comunicou que a negociação salarial com o funcionalismo ficaria a cargo da vice, que responde interinamente pela secretaria de administração. Confesso que fiquei surpreso, já que o atual titular da Francisco Salles sempre passou uma imagem de centralizador -o que não é ruim, dependendo da estrutura que se tem abaixo-, atento a tudo e a todos, do mais modesto blogueiro ao mais ilustre visitante, capaz mesmo de ir ao socorro de vítimas de enchentes, bancar sozinho a discussão do transporte público, receber turistas no Portal ou mesmo conferir pessoalmente as condições do canil municipal.
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Encrenca grossa em ano de eleição a discussão de salários do funcionalismo. Ano passado o problema esbarrou na crise econômica mundial. Esse ano, a alegação da presença de teias de aranha no caixa oficial aponta para uma queda de braço igual ou mais dura entre sindicato e Municipalidade, já iniciada com trocas de farpas entre as partes circulando na mídia. "Vamos fazer o que dá" parece ser a frase do ano, seja para justificar uma macambúzia recuperação de avenida, seja para explicar o aumento de salário abaixo do proposto, claro, aquém dos desejos e necessidades da categoria.
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Esse é um caso em que o chefe do executivo deveria estar à frente, e não deixar o mico em outras mãos. E, diferente do Sr. Y., delegar a alguns dos 4.500 servidores a escolha das fotos do calendário.
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caro rubens,
ResponderExcluirpossuimos uma prefeitura inchada,o que precisa ser feito imediatamente é um plano de demissão voluntária,um reajuste proporcional ao desempenho,e não perder tempo com o sindicato pois desviaram de lá mais de 500.000 reais e ninguém mais fala sobre isso!!!
Sabemos que o número de servidores realmente é grande porém o gasto maior está em remunerar os cargos de confiança, os quais já tiveram o reajuste divulgado (mais de 4%), incluindo ai prefeito, vice e secretariado. Infelizmente o sindicato está cada vez mais desacreditado e já não serve para representar uma classe tão grande. Hoje o futuro dos servidores está nas mãos da secretaria de administração, já que o prefeito disse que não vai masi falar sobre o assunto. Fico admirada (?) com a situação e lembro-me que até pouco tempo atrás, o prefeito encabeçava as assembleias, cogitando até mesmo greve. As coisas realmente mudam..... Abs,
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