Vem do berço um ponto de vista que carrego: nunca questionar a fé de uma pessoa. Mas confesso que não pude deixar de me surpreender com a verborragia emocional do Presidente da Câmara em seu democrático exercício de cidadão, na tentativa de dissuação de seus pares ante a votação da concessão do título de cidadania ao Promotor Sidnei Boccia. O vereador abriu a caixa de ferramentas e de lá sacou um verdadeiro dossiê, confessando-se assustado ao deparar com o projeto apresentado. Iniciou a fala recordando seus tempos de "colégio cristão", onde "aprendeu a orar todos os dias". Em sua fala, tentou até uma espécie de "prêmio de consolação", dizendo que ao Promotor coubesse "talvez um título de honra ao mérito, pela tentativa de ser eficaz no seu trabalho". Tentativa? Disse ainda o vereador que "dar um título de cidadania a uma pessoa que, ao levantar de manhã, pensa em quem vai pegar no pé, em quem vai incomodar naquele dia, e o faz?".
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Eu, um ordinário rábula, no meu modestíssimo conhecimento, entendo que o Promotor não é uma entidade individual, que faz suas próprias regras. Ele -e qualquer outro Promotor- representa um organismo republicano importante, sendo fiscalizado e norteado por uma estrutura hierárquica altamente capacitada. Além disso, ocupa o posto após difícil e disputadíssimo concurso.
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Ficaria muito preocupado se o Dr. Sidnei fosse uma unanimidade, todo mundo considerando-o "bonzinho, bacaninha e amiguinho". Mas é notória que sua atuação não se restringe a "pegar no pé" de uma ou outra corrente, como bem demonstram alguns bons debates com o ex-prefeito Paulo Tadeu ou a nota publicada hoje na coluna Bastidores, de Neusa Reis, no Jornal de Poços, dizendo que o também ex-prefeito Navarro teria ligado a dois vereadores da base para puxar-lhes as orelhas por votarem pela concessão do título.
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Derrota memorável, a indicação foi aprovada por 11 votos a 1. Tenho convicção que doravante o vereador, do alto de sua fé, saberá perdoar, lembrando de amar seu próximo como a si mesmo e, imbuído do mais alto espírito democrático, fará pessoalmente a entrega do diploma de cidadão -merecido, em minha opinião- ao Promotor.
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Já mandei preparar meu terno para a cerimônia.
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Prezado Caruso,
ResponderExcluircerimônia apenas no ano que vem. Abs.