FANGIO E A SATURNINO

O argentino Juan Manuel Fangio (acima, ao lado de Senna) foi um dos maiores pilotos de todos os tempos, cinco vezes campeão mundial de Fórmula 1. Recorro a ele para relembrar a história de sua participação (ou não) numa prova em Cuba, em 1958. O piloto fez o melhor tempo para a classificação, mas não correu porque foi sequestrado por guerrilheiros do grupo de Fidel Castro.

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A prova abriria o calendário do campeonato mundial de carros esporte e contava com a presença de pilotos de Fórmula 1, como Fangio. Na noite anterior à prova, o piloto estava no hotel com amigos quando apareceu um guerrilheiro armado, obrigando-o a entrar num automóvel. As autoridades policiais foram alertadas, mas, até a hora da largada da competição, o destino de Fangio era ignorado. A corrida não poderia esperar e, por conta de um acidente grave, durou apenas cinco voltas. Fangio foi libertado um dia depois.

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Vi há tempos uma entrevista em que Fangio contava ter sido muito bem tratado por seus sequestradores, e o momento mais tenso foi justamente a hora de ser solto, pois os guerrilheiros temiam que o governo o liquidasse para culpar o grupo. 

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Finalmente o chefe do executivo municipal resolveu manifestar-se sobre o escandaloso caso da contaminação da Represa Saturnino de Brito. Melhor não tivesse dito nada. Começa pelo título da matéria, publicada no jornal Mantiqueira: "Prefeitura levanta suspeita sobre situação de represa".

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Diz a reportagem que o prefeito afirmou que o assunto está sendo usado politicamente pela oposição, que quer aterrorizar a população. Parte para suspeitas graves, afirmando que a situação já estava sob controle e até a cor da água já estava mudando, quando apareceram peixes mortos, muitos dos quais de espécies que não fazem parte da fauna da represa.

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Seria bom analisar bem os peixes, para ver se não têm carimbo de fiscalização ou marca de alguma peixaria. Aliás, das primeiras providências que a "equipe oficial de pescadores" deveria ter tomado: analisar os peixes mortos, como sugerido por uma equipe da TvPlan -que vem desempenhando papel jornalístico corretíssimo no caso- presente na coletiva de imprensa do DMAE, semana passada. Até então, o DMAE afirmava que eram "meia dúzia de peixes", logo desmentido por jornalistas que estiveram na represa antes de chegar à coletiva.

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Essa troca de fogo é tardia e inútil. O fato é que, passados mais de dois meses, a única solução para "O Reino das Águas Verdes", título que deixaria com inveja Monteiro Lobato, foi dar fim à água, soltando o verdejante líquido rio abaixo, atingindo sabe-se lá que comunidades, que se valem de algum manancial ora abastecido pela água que não queremos. Será que foram notificados desse eventual "cavalo de Tróia" poçoscaldense? Ou o DMAE tratou a água antes de dispensá-la?

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Estratégia de marketing de guerrilha, acusando a oposição de terrorismo nessa altura da Copa, beira a ingenuidade. A oposição, tal como no caso de Fangio, pode facilmente alegar que a situação jogou os peixes "alienígenas" na represa, imputando uma culpa aos rivais.

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Enquanto isso, até o momento não se explicou a questão do cancelamento do registro do DMAE junto ao CREA.

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