terça-feira, 13 de julho de 2010

FÉRIAS FRUSTRADAS

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Se tem uma coisa admirável na política brasileira é a fácil utilização de eufemismos, aquele recurso que permite a troca de uma palavra ou expressão por outra aparentemente mais suave ou cortês -"dourar a pílula" resume bem. Assim, políticos em geral não ganham salários, mas subsídios. Não fazem acerto de despesas, mas reembolsos.
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Nessa mesma linha, nossos vereadores não têm férias. Não. Férias dá aquela impressão de viagem, uns dias em Ubatuba, como é tradição aqui. Vereadores têm recesso. Merecido, é bem verdade, já que são muitas as pressões e estresses a que são submetidos no exercício da função -o Povo, os partidos, a prefeitura, o tempo todo cobrando ações e atitudes desses valorosos representantes eleitos. Além disso, o salário, quer dizer, o subsídio, de pouco mais de R$ 7 mil reais é muito pouco se comparado aos salários que a inicitiva privada aplicaria diante de tantas responsabilidades impostas. É sério, não pense que a vida parlamentar numa cidade do porte da nossa resume-se a dar nome a ruas ou títulos de cidadania. De tempos em tempos precisam de um ar.
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Por isso, começa hoje o "recesso parlamentar", que foi reduzido de 30 para 15 dias. Tudo dentro da mais absoluta legalidade, e não poderia ser diferente. A boa notícia é que, de acordo com o que foi publicado nos jornais da semana passada, "os funcionários trabalham normalmente na parte da manhã e a gente está aqui depois do almoço. A gente só não realiza sessões", disse o vereador Álvaro Cagnani, vice-presidente do legislativo local.
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Perguntar não ofende: se é "normalmente", como diz o vereador, por que é que não acabam com essas férias frustradas de meio de ano e trabalham normalmente? Julho é mês de férias escolares e olhe lá. Ou será que os temas, problemas e votações importantes da cidade tiram férias (opa, recesso!) também?
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Só para lembrar, no final de ano também haverá outro recesso, de 15 de dezembro a 1o. de fevereiro. Ou seja, em 2010 serão quase dois meses de férias. Desculpem: recesso.
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Que inveja.
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