Esteve aqui em Poços de Caldas um visitante de nome Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga. Já ouviu falar dele? Estranhou o longo nome? Reconheceu nas fotos o dono das longas barbas brancas? Trata-se de Sua Majestade Dom Pedro II, o segundo imperador do Brasil, que nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825 e assumiu o trono em 18 de julho de 1841, aos 15 anos de idade, sob a tutela de José Bonifácio e depois do Marquês de Itanhaém.
Dom Pedro II foi uma das mais emblemáticas personalidades que o Brasil já teve, e não apenas na minha modesta opinião. Coroado ainda menino, tornou-se homem cultíssimo e dono de visão aguçada para o futuro, que só se concretizaria por meio da educação, ciência e tecnologia -Dom Pedro II trouxe para o Brasil avanços importantes como o daguerreótipo (precursor das câmeras fotográficas), o telégrafo, o selo postal e o hoje indispensável telefone, além de ter sido grande incentivador da cultura.
Dom Pedro II deixou o Brasil dois dias após a proclamação da República, em 17 de novembro de 1889, falecendo dois anos depois em Paris, aos 66 anos.
Leitura obrigatória para quem tem interesse pela história de Poços é o excepcional trabalho da historiadora Nilza Botelho Megale, intitulado “Memórias Históricas de Poços de Caldas”. O livro traz a informação da visita de dois dias do Imperador, cuja chegada se deu em 22 de outubro de 1886, acompanhado da Imperatriz D. Tereza Cristina e comitiva, para a inauguração do Ramal de Caldas da Estrada de Ferro Mogyana.
Curiosa herança da visita de Dom Pedro II foi a polêmica foto da Família Imperial, que teria sido tirada defronte ao Hotel da Empresa (Empresa Balneária, que funcionou como concessionária das termas nos anos 1880). O fato foi esclarecido por D. Nilza: na verdade a foto foi feita em Petrópolis e aqui distribuída como lembrança da visita do Monarca à cidade, gerando a confusão. Tudo por conta da legenda que há no rodapé da foto: “D. Pedro II e Família – Hotel da Empresa – 1887 – Poços de Caldas”.
Já o clássico “Poços de Caldas – Synthese Historica e Crenologica”, do Dr. Mario Mourão, publicado em 1933, conta: “(O Imperador) ficou em Poços de Caldas dois dias, indo passear na Cascatinha e Cascata das Antas, sempre acompanhado em ambos os passeios por enorme massa popular”. Diz ainda que “Sua Majestade veio na companhia da Imperatriz, da Princeza Isabel, do Conde d´Eu, dos principes e de uma luzida côrte, entre os quaes o Visconde Ibituruna, o medico do Paço, e varias damas de honor”.
Além das cascatas, o Imperador conheceu toda a cidade, tendo se banhado no Balneário Pedro Botelho. Também visitou a Fonte Sinhazinha e subiu o Morro do Itororó para ver a paisagem.
Há um outro livro interessantíssimo, cuja leitura também recomendo: trata-se de “As Barbas do Imperador”, brilhante trabalho de Lilia Moritz Schwarcz, que desvenda a vida do Imperador em obra de mais de 600 páginas. No trabalho ela conta que Dom Pedro II esteve em nossa cidade no ano de 1861, quando “conheceu as milagrosas águas termais de Poços de Caldas”. Então, segundo a história, Dom Pedro II esteve duas vezes em Poços de Caldas.
Visitas desse quilate são raras, e poucas cidades de Minas Gerais tiveram a oportunidade de receber Sua Majestade. Os locais por onde passou em Poços poderiam estar indicados com referências à visita, mas resta apenas a homenagem da Praça Dom Pedro II, ainda hoje apontada como “Praça dos Macacos”, por conta da denominação da fonte ali existente.
Pedro foi um homem de grandeza impressionante. Antes de embarcar para o exílio forçado, após a proclamação da república, deixou a seguinte mensagem:
“Cedendo o império as circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã, deixando esta pátria de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século, em que desempenhei o cargo de chefe de estado. Ausentando-me, eu com todas as pessoas de minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo votos por sua grandeza e prosperidade".
Em sua bagagem, um pacote contendo terra do Brasil, encontrado depois em seus pertences, com um escrito de próprio punho do Imperador: “É terra do meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. Assim foi feito.
Dom Pedro II merece a admiração e o respeito de todos os brasileiros, e Poços de Caldas poderia fazer mais pela memória de seu mais ilustre visitante. É, como disse antes, minha modesta opinião.
Legendas e créditos das fotos:
1-Dom Pedro II em Poços de Caldas (arquivo da Fundação Biblioteca Nacional).
2-Suas Majestades Imperiais em Petrópolis, 1889, três anos após a visita a Poços. Note o livro nas mãos de Dom Pedro II: um homem da cultura. (arquivo do Museu Imperial de Petrópolis).
3-Carro de viagem de Dom Pedro II, o Vagão Imperial. Talvez com ele o Imperador tenha visitado a cidade (arquivo do Museu da Imagem e do Som – SP).
Dom Pedro II foi uma das mais emblemáticas personalidades que o Brasil já teve, e não apenas na minha modesta opinião. Coroado ainda menino, tornou-se homem cultíssimo e dono de visão aguçada para o futuro, que só se concretizaria por meio da educação, ciência e tecnologia -Dom Pedro II trouxe para o Brasil avanços importantes como o daguerreótipo (precursor das câmeras fotográficas), o telégrafo, o selo postal e o hoje indispensável telefone, além de ter sido grande incentivador da cultura.
Dom Pedro II deixou o Brasil dois dias após a proclamação da República, em 17 de novembro de 1889, falecendo dois anos depois em Paris, aos 66 anos.
Leitura obrigatória para quem tem interesse pela história de Poços é o excepcional trabalho da historiadora Nilza Botelho Megale, intitulado “Memórias Históricas de Poços de Caldas”. O livro traz a informação da visita de dois dias do Imperador, cuja chegada se deu em 22 de outubro de 1886, acompanhado da Imperatriz D. Tereza Cristina e comitiva, para a inauguração do Ramal de Caldas da Estrada de Ferro Mogyana.
Curiosa herança da visita de Dom Pedro II foi a polêmica foto da Família Imperial, que teria sido tirada defronte ao Hotel da Empresa (Empresa Balneária, que funcionou como concessionária das termas nos anos 1880). O fato foi esclarecido por D. Nilza: na verdade a foto foi feita em Petrópolis e aqui distribuída como lembrança da visita do Monarca à cidade, gerando a confusão. Tudo por conta da legenda que há no rodapé da foto: “D. Pedro II e Família – Hotel da Empresa – 1887 – Poços de Caldas”.
Já o clássico “Poços de Caldas – Synthese Historica e Crenologica”, do Dr. Mario Mourão, publicado em 1933, conta: “(O Imperador) ficou em Poços de Caldas dois dias, indo passear na Cascatinha e Cascata das Antas, sempre acompanhado em ambos os passeios por enorme massa popular”. Diz ainda que “Sua Majestade veio na companhia da Imperatriz, da Princeza Isabel, do Conde d´Eu, dos principes e de uma luzida côrte, entre os quaes o Visconde Ibituruna, o medico do Paço, e varias damas de honor”.
Além das cascatas, o Imperador conheceu toda a cidade, tendo se banhado no Balneário Pedro Botelho. Também visitou a Fonte Sinhazinha e subiu o Morro do Itororó para ver a paisagem.
Há um outro livro interessantíssimo, cuja leitura também recomendo: trata-se de “As Barbas do Imperador”, brilhante trabalho de Lilia Moritz Schwarcz, que desvenda a vida do Imperador em obra de mais de 600 páginas. No trabalho ela conta que Dom Pedro II esteve em nossa cidade no ano de 1861, quando “conheceu as milagrosas águas termais de Poços de Caldas”. Então, segundo a história, Dom Pedro II esteve duas vezes em Poços de Caldas.
Visitas desse quilate são raras, e poucas cidades de Minas Gerais tiveram a oportunidade de receber Sua Majestade. Os locais por onde passou em Poços poderiam estar indicados com referências à visita, mas resta apenas a homenagem da Praça Dom Pedro II, ainda hoje apontada como “Praça dos Macacos”, por conta da denominação da fonte ali existente.
Pedro foi um homem de grandeza impressionante. Antes de embarcar para o exílio forçado, após a proclamação da república, deixou a seguinte mensagem:
“Cedendo o império as circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã, deixando esta pátria de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século, em que desempenhei o cargo de chefe de estado. Ausentando-me, eu com todas as pessoas de minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo votos por sua grandeza e prosperidade".
Em sua bagagem, um pacote contendo terra do Brasil, encontrado depois em seus pertences, com um escrito de próprio punho do Imperador: “É terra do meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. Assim foi feito.
Dom Pedro II merece a admiração e o respeito de todos os brasileiros, e Poços de Caldas poderia fazer mais pela memória de seu mais ilustre visitante. É, como disse antes, minha modesta opinião.
Legendas e créditos das fotos:
1-Dom Pedro II em Poços de Caldas (arquivo da Fundação Biblioteca Nacional).
2-Suas Majestades Imperiais em Petrópolis, 1889, três anos após a visita a Poços. Note o livro nas mãos de Dom Pedro II: um homem da cultura. (arquivo do Museu Imperial de Petrópolis).
3-Carro de viagem de Dom Pedro II, o Vagão Imperial. Talvez com ele o Imperador tenha visitado a cidade (arquivo do Museu da Imagem e do Som – SP).
Caruso,
ResponderExcluirMuito bom esse artigo. Não conheço muito a história de Poços de Caldas, mas acredito que D. Pedro II tenha ido para Caldas em 1886, na inauguração do ramal, e não em 1887. Sobre o carro da foto, trata-se de um carro de passageiros da São Paulo Railway, então não poderia ter ido com ele até Caldas, pois as bitolas eram diferentes. Em várias ferrovias era possível encontrar um "Carro do Imperador", e alguns ainda existem. Eram carro, geralmente de luxo, que recebiam o Imperador em suas viagens, e por iso ficavam famosos. A ABPF tem em seu acervo um carro da Mogyana que teria sido utilizado pelo Imperador, mas pelo estilo acho que é do início do século XX, a menos que tenha sido reconstruído com novo desenho naquele período.
Seu artigo fez reacender uma grande dúvida: sendo SMI D. Pedro II um amante de fotografias, e o grande acontecimento que foram essas viagens entre Outubro e Novembro de 1886 para inaugurar ferrovias no estado, não é provável que a viagem e as cerimônias de inauguração tenham sido fotografadas?
Abraços,
Denis
Nada como ouvir quem conhece o assunto! Denis, a questão de 1887 está no erro de uma foto divulagada como sendo do Imperador num hotel da cidade, o que foi desmentido pela historiadora D. Nilza. A inauguração do ramal foi mesmo em 1886. Também creio na existência das fotos, que devem estar arquivadas -lembro de uma exposição de fotos do acervo do Imperador que vi no Banco Santos, em São Paulo. Riquíssimo material das viagens, embora boa parte de viagens internacionais.
ResponderExcluirUm abraço,
Caruso