domingo, 19 de abril de 2009

RUA NUA

Minha mãe mora numa rua tranquila do Jardim do Ginásio, perto do Colégio Municipal, que fica na Avenida Champagnat. Rua bem arborizada, trânsito calmo. Era bem iluminada à noite. Era. Até domingo passado, pelo menos. Foi quando percebemos que a lâmpada que há bem em frente à casa dela estava queimada.
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Como qualquer bom poçoscaldense -daqueles que aprenderam a respeitar o fato de termos "nossa" própria energia, que entenderam a justificativa do prefeito sobre a tal "taxa de iluminação", que se preocupam em cumprir a obrigação de pagar a conta de energia em dia- liguei para o DME. Isto foi em 12/4. A pessoa que atendeu a ligação disse que iria repassar para o setor de atendimento desse tipo de ocorrência. Já imaginei que em algumas horas um daqueles caminhões que aparecem no orçamento 2010 da cidade, na conta "Aquisição de Veículos", parasse ali e valorosos trabalhadores com suas escadas cuidariam do assunto. Fui para casa tranquilo.
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No meio da semana a rua continuava escura. Liguei de novo, a pessoa que atendeu disse que iria encaminhar o assunto. Nada.
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Veio a sexta-feira, mais uma ligação, desta vez seguindo-se o diálogo:
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-Boa tarde. Eu liguei duas vezes pedindo a troca de uma lâmpada queimada.
-Qual endereço?
Informei.
-Seu Rubens, eu atendi sua ligação no dia 12. A questão é que a empresa que ganhou a licitação para fornecer as lâmpadas não entregou, então não temos lâmpadas.
Demorei alguns segundos para assimilar a resposta, como um boxeador após levar um bom soco no fígado...
-O DME não tem lâmpadas? É sério? Olha, não brinque com isso. Sou jornalista e vou confirmar a história com a assessoria de imprensa. Posso?
-Pois não, Seu Rubens, pode sim. É verdade...
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Não sei quem ficou mais constrangido: eu, como consumidor, que tive que ligar três vezes para ter uma resposta negativa a uma solicitação primária como esta ou a pessoa que me atendeu, tendo que informar que o pólo rico da administração municipal, orgulho de uma cidade inteira, cantada em verso e prosa como "premiadíssima no setor", não tem uma mísera lâmpada. Se alguém duvida, a primeira frase da ligação é algo como "esta chamada poderá ser gravada". Tomara que a minha tenha sido uma destas.
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Para resumir, a lâmpada não foi trocada, a frente da casa da minha mãe continua escura. Uma semana depois. Amanhã vou ligar de novo:
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-Bom dia. Tem lâmpada hoje?
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Um comentário:

  1. Continuo com muita saudade do Cícero...
    Na época que êle dirigia o DME, dava orgulho ver a organização. Vamos esperar que o novo diretor, que é do ramo, consiga botar ordem na casa.

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