Um hábito antigo que herdei do meu pai é guardar jornais importantes. Por conta disso, temos uma sensacional encadernação das publicações do “Quarto Centenário de São Paulo”, ou jornais da "Chegada do Homem à Lua", ou ainda boa parte dos títulos conquistados pelo Corinthians desde 1977.
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A edição de hoje, 27/8, cuja chamada você vê acima, já foi para meu arquivo. Em atenção aos recentes imbróglios envolvendo a já nem tão iniciante legislatura, a reportagem do JP, em pauta brilhante, ouviu os vereadores com o intuito de saber “sobre a forma e os critérios com que conduzem suas decisões”, diz o texto já na primeira página do veículo, focando a atenção exatamente para o mais polêmico –e dispendioso, até o momento- assunto da Câmara: a contratação de Niemeyer para a construção de um novo prédio para a Câmara.
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Confira o que disseram Suas Excelências:
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Marcus Togni – autor do projeto, prega que Niemeyer “possui 3 mil obras no Brasil e mais de 14 mil no mundo”, o que não bate com a informação do site do próprio arquiteto (confira em http://www.oscarniemeyer.com.br/Projdif-set2007.doc), com cerca de 460 projetos e menos da metade executados. Ainda de acordo com o presidente da Câmara, definitivamente “não foi preciso consultar outros escritórios”. Então é isso, ninguém mais foi consultado. Incluindo o dono da dinheirama: o povo.
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A edição de hoje, 27/8, cuja chamada você vê acima, já foi para meu arquivo. Em atenção aos recentes imbróglios envolvendo a já nem tão iniciante legislatura, a reportagem do JP, em pauta brilhante, ouviu os vereadores com o intuito de saber “sobre a forma e os critérios com que conduzem suas decisões”, diz o texto já na primeira página do veículo, focando a atenção exatamente para o mais polêmico –e dispendioso, até o momento- assunto da Câmara: a contratação de Niemeyer para a construção de um novo prédio para a Câmara.
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Confira o que disseram Suas Excelências:
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Marcus Togni – autor do projeto, prega que Niemeyer “possui 3 mil obras no Brasil e mais de 14 mil no mundo”, o que não bate com a informação do site do próprio arquiteto (confira em http://www.oscarniemeyer.com.br/Projdif-set2007.doc), com cerca de 460 projetos e menos da metade executados. Ainda de acordo com o presidente da Câmara, definitivamente “não foi preciso consultar outros escritórios”. Então é isso, ninguém mais foi consultado. Incluindo o dono da dinheirama: o povo.
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Joaquim da Farmácia – “Não vi nenhum orçamento. Não sei informar como foram feitas as outras consultas de preços de arquitetos”. O vereador acha bacana “ter um Niemeyer”, como disse à tv, mas parece não saber o valor do dinheiro, cujo dono -frise-se- é o povo. Apesar de gostar da ideia, foi contra a contratação.
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Waldemar Lemes – “Não vi os orçamentos dos demais arquitetos. Acredito no que o presidente disse”, falou o vereador e empresário. Bancou a palavra do presidente, e deveria honrar também os votos que recebeu, sendo zeloso diante de um investimento milionário, sob pena de ver derreter seu patrimônio político. Declarou-se contrário anteriormente.
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Flávio Faria – “O presidente disse que, fora o Niemeyer, havia visto dois orçamentos. Não sei quais e não vi nenhum documento”. O vereador da oposição, que teve a preocupação de pedir à prefeitura todos os gastos com a frota muncipal, incluindo número de veículos, despesas com manutenção e combustível nos últimos 24 meses, deveria espernear na imprensa sobre um gasto astronômico como esse. Para reafirmar: dinheiro de quem? É... do povo! O vereador já havia se manifestado contrário ao projeto, mas não brigou, como se espera de um "opositor de verdade".
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Tiago Cavelagna – “Eu não cheguei a ver os outros orçamentos. Não tenho esses dados mas tenho confiança no que o presidente disse”. Também bancou a fala do líder, mesmo depois de iniciar um “motim” que vetou a ida do seu presidente aos EUA, às expensas da Câmara. "Da Câmara", caro leitor, entenda “do povo”.
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Álvaro Cagnani – “Não vi outros orçamentos. Acredito que a Nancy tenha”. Agora sim, estou tranquilo. Respiro aliviado: se "Nancy" tiver, então beleza. Mas e se "Nancy" não tiver, como fica? Outra pergunta: quem é "Nancy"? O vereador foi favorável ao projeto.
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Antonio Carlos – “Fui contra a contratação do projeto. Não tive acesso a outros orçamentos. Eu, pelo menos, não vi documento nenhum”. Ao vereador mais votado no último pleito não foi franqueado o acesso aos documentos. Será pelo fato de que não havia documentos? Sempre manifestou-se contra o projeto.
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Paulo Eustáquio – “Achamos o projeto caro. O presidente pediu mais apoio dos vereadores. Eu não vi outros orçamentos”. “Achamos caro, mas aprovamos”, ficaria melhor. Mas o dinheiro, ah, tudo bem, é caro, mas é do povo. Não vi manifestação anterior do vereador, se contra ou não.
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Pastor Waldir Sementile – "Os documentos não estão em nossas mãos. Nós vimos, nos foi mostrado. Tinha valores maiores e menores, não ficaram muito acima do Oscar Niemeyer”. Ôpa, ôpa, “como assim, nós vimos, nos foi mostrado”? Há ou não há os “documentos”? Favorável desde sempre ao projeto.
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Rogério Andrade – “A única coisa que vi foi um papel com o Marcus Togni, anotado valores à mão”. Bom, se foi uma “reunião informal”, nada mais justo que um “documento informal”. Declarou-se favorável.
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Maria Cecília – “Acho que fez outras cotações. Eu não vi. Parece que existem três cotações de preços. Não voltei atrás da minha decisão porque dei minha palavra”. Fui escoteiro. O escoteiro tem uma só palavra. Mas nada impede de voltar atrás diante de uma “palavra” que não vá ao encontro do desejo do povo. Ou o povo deseja um Niemeyer? Até a coerência tem limites. Favorável desde o começo -um mistério que poderá tornar-se divisor das águas da represa Bortolan.
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Regina Cioffi – “Não vi outras cotações. Acredito no que o presidente disse, ele insiste e afirma que tem três cotações. Marcus Togni garante que fez, mas nunca apresentou”. De acordo com ele, “não foi preciso consultar outros escritórios”, o que deixa a vereadora numa saia mais justa que pisar de Arezzo no barro. Logo ela, que se sentiu quase “execrada” no caso do hospital do Câncer e pediu providências ao presidente. Declarou-se favorável, mas disse antes: “Caso essas cotações não tenham sido realizadas, vou me sentir extremamente enganada e traída”. Pode pegar o lencinho.
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Diante do exposto, não tenho muito mais a acrescentar. Impressiona bastante o fato de um assunto dessa dimensão econômica –de acordo com o presidente da Câmara, “deve custar entre R$ 10 milhões e R$ 14 milhões”, diria eu uma verdadeira “merreca” para um cidade riquíssima como a nossa- ser tratado na mais completa leveza. Sem falar do "gapzinho" de R$ 4 milhões entre as ideias de valores. Coisa simples como “pendurar” uma média e um pão com manteiga na padaria do "seo Manoel", ao lado de casa.
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Senhores Vereadores, ainda com "V" maiúsculo, é chegada a hora de repensar esse assunto, enquanto a Mont Blanc não passou pelo contrato. Ainda há a chance de "sair por cima", dizendo que ouviram a voz das ruas. Pensem nisso. Ou continuar com o diploma de "Pior Legislatura de Todos os Tempos", conforme constatou a jornalista Neusa Reis, na coluna Bastidores da mesma edição histórica do Jornal de Poços.
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