segunda-feira, 14 de setembro de 2009

LIMPANDO A BARRA

Vem da Avenida Francisco Salles a mais recente -e viável- tentativa de remediar um grande erro da atual legislatura da Câmara Municipal de Poços de Caldas: Paulo Cesar Silva, o prefeito, afirmou que vai promover um concurso público para o projeto de implantação do futuro Paço Municipal, medida oposta à dispensa de licitação por inexigbilidade que o legislativo usou para contratar seu projeto, até o momento não consumado.
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A iniciativa é boa, embora até o momento não exista definição sobre o licenciamento ambiental da área, de acordo com o Ministério Público, o que limita a colocação até mesmo da pedra fundamental do projeto. Também houve a rescisão não explicada do contrato com uma empresa que fazia parte do processo de estudos ambientais.
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Aos olhos da opinião pública, a ação do prefeito pode ser uma estratégia interessante. Já aos olhos da Câmara, pode soar como o conhecido "tapa com luva de pelica", com o executivo tentando mostrar a maneira certa de se contratar um projeto dessa envergadura. Pode até ser que Niemeyer, jogado involuntariamente ao centro dessa discussão, seja um dos participantes do concurso e, quem sabe, até entre "de graça" no certame, como o fez em concorrência mundial para a implantação de um centro cultural no espaço de um antigo presídio, na chilena Valparaíso. Pode ser, mas duvido. Politicamente, a ideia do prefeito bate de frente com o líder do "movimento pró-Niemeyer", seu companheiro de partido e presidente da Câmara, o vereador Marcus Togni.
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Para a Câmara, trata-se de um chance de ouro para se livrar definitivamente da dura missão de tentar justificar o que não se justifica: o gasto (não investimento) num projeto inadequado e intempestivo, negociado em plena crise econômica, para ser construído com um dinheiro que não existe, em um local ainda não definido. Seria uma saída honrosa que, se bem capitalizada, colocaria os parlamentares "quase" de volta aos braços do povo. Quase porque ainda há outros deslizes não completamente esclarecidos, como o vai-não-vai dos ofícios ao secretário estadual de saúde -outra tentativa do prefeito para colocar o assunto a limpo, mas que pelo jeito ficou pior, pois no fim a tal verba dos R$ 10 milhões para o "hospital do câncer" ainda é virtual. Tanta discussão, polêmica colossal, vereadores dando cabeçadas na hora de assinar ou "desassinar" correpondências, culminando com a culpa" imputada à imprensa, essa cruel vilã sempre a apontar os erros. Onde eles existem.
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Enquanto isso, a caravana passa. E passou o sábado passando pelas "obras do município", carregando durante quase 100 km de city-tour boa parte das autoridades locais -até ex-prefeito embarcado, além da mídia. De acordo com o prefeito (o atual, não o ex) o objetivo do tour é "mostrar à população, através da imprensa, onde o dinheiro dos impostos está sendo revertido em benefícios".
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Curiosa mesmo foi outra fala do prefeito, justificando que não haveria tempo para ver tudo o que está sendo feito, caso das obras da escola municipal Edir Frahya. Melhor assim. Se tivesse ido, talvez o ônibus acabasse atolado no novíssimo trevo do bairro Nova Aurora, obra consumida pelas chuvas recentes. Ah, a chuva, essa benevoltente, sempre disposta a salvar a pele dos responsáveis pelo mal-feito. Mas tudo bem, a obra tem garantia. E de cinco anos, de acordo com o secretário de obras.
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A tragédia ficaria mesmo por conta dos sapatinhos Arezzo de algumas autoridades, chafurdando na lama, na tentativa de desatolar a condução. Um horror!
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